quarta-feira, 5 de maio de 2010

Notas de um Calouro - parte 2


MESA-REDONDA



Segue-se a Semana do Calouro. Universidade Federal do Pará, campus de Belém. Que espaço agigantado! Tudo para além daqueles quatros portões é desproporcional. A Biblioteca Central quase me levou às lágrimas. No duro meus caros colegas, eu fiquei muito emocionado com o acervo. Principalmente o espaço reservado a Literatura. Consegui encontrar uma obra que há anos eu procurava: “Os Demônios” de Dostoievski, livro de primeiríssima grandeza. O terceiro livro na saga do homem-deus, sendo os outros romances integrantes “Crime e Castigo” e “Os Irmãos Karamazov”. Aos fundos o maravilhoso Rio Guamá, emoldurando toda orla. O silêncio, o vento a atingir-me o corpo e a alma. Paz interior. Eu ainda não sei direito o que é a Geografia, ser geógrafo. Esse início de vida acadêmica assusta um pouco a gente. Talvez eu devesse tentar o Curso de Letras. Mas o que eu queria mesmo era me lançar nessas águas calmas e me mesclar ao rio. Ser rio talvez seja mais fácil do que ser geógrafo.


O Centro Acadêmico de Geografia – CAGE promove muito organizadamente a Semana do Calouro do Curso de Geografia 2010. Ontem a mesa contaria com a presença do reitor Carlos Maneschy, mas ele não apareceu e nem mandou representantes para justificar sua ausência. Isso foi um chute nos bagos do pessoal do CAGE e um tanto constrangedor para nós calouros. Segundo as palavras de um dos lideres do Centro Acadêmico de Geografia: “Ou aconteceu alguma coisa com o reitor ou ele não estar interessado em discutir os problemas da Geografia (curso)”. Clima chato.


Eu fiquei pensando no motivo do reitor não ter aparecido ali para um diálogo com os estudantes do Curso de Geografia. Para falar a verdade eu pensei muitas coisas, mas o pensamento que ficou mais marcado naquele momento foi que talvez o reitor não quisesse discutir conosco porque talvez ele achasse que ali naquela mesa não haveria um diálogo e sim um ataque. Talvez o reitor acreditasse que as perguntas naquela ocasião não surgissem através do debate e que elas, as perguntas, já viessem prontas e acabadas para serem lançadas em seu peito tal como mísseis.


Eu estou entrando agora, sou calouro. É muito difícil nesse começo assimilar muitas coisas: as disciplinas, o horário do ônibus, o tempo que levo de viagem para chegar sem atraso a UFPA, a barba e o discurso panfletário de Saldanha, até que ponto o Forró do Vadião com suas caipirinhas da hora são prejudiciais ao meu desenvolvimento acadêmico e a até a minha própria segurança; o relacionamento do CAGE com a Reitoria e como o CAGE é visto politicamente pela Reitoria, se o CAGE é levado a sério como Centro Acadêmico que parte para o diálogo a fim de solucionar os problemas ou se parte para a mobilização dos gritos, das vais e das bandeiradas vermelhas... Enfim há muitas coisas para se aprender. Mas algumas palavras me ficarão guardadas como aprendizado de fato nessa Semana do Calouro. Palavras ditas pelo reitor Maneschy e pelo apresentador da recepção.


Disse Maneschy não exatamente com estas palavras: É muito fácil chegar aqui e criticar, apontar o que estar errado. Difícil é chegar até nós e pensar conosco uma saída, uma solução para os problemas, que sabemos que são muitos aqui dentro da nossa Universidade.


Depois o radialista e apresentador da recepção dos calouros do qual eu infelizmente não guardei o nome: Eu espero que vocês se dediquem aos estudos com a mesma energia que se dedicam às lutas pelos seus direitos.


A Semana do Calouro me foi essencial para entender algumas coisas. Não conheci muitas pessoas e não fiz amizade com nenhuma. É que eu sou um caboclo bastante tímido e desconfiado. Veremos nas aulas que se seguirão. Que serão muitas! A questão é não pensar na extensão do caminho, senão a gente acaba se cansando antes mesmo de dá o primeiro passo.


No mais, este post é apenas uma opinião. E como todo mundo sabe opinião é igual #@, todo mundo tem o seu!

2 comentários:

Ábia Costa disse...

Eu tive duas palestras no auditório do Kaos (bloco K) realizadas pelo Cantro Acadêmico de Letras-CAL.
A primeira foi sobre fonética e fonologia, mas a segunda foi a mais marcante para mim, foi sobre "O que é Literatura" com Fernando Gebra, o cara é um crânio em literatura com doutorado pela UFPR, daí eu tive a sensação de estar no lugar certo, no curso da minha vida, rs
No mais, boa sorte em sua empreitada, e que sua caminhada por estes cinco anos seja repleta de experiências e apredizagem, bjus

Ábia Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.