quarta-feira, 29 de setembro de 2010

XXV FESTIVAL DO AÇAI. Eu estive lá.


Anualmente nos dias 10 a 12 do mês de setembro em São Sebastião da Boa Vista – Ilha do Marajó/PA, acontece o Festival do Açaí. Evento que reúne diversos artistas da região. Para quem gosta de ritmos como Fórro e Tecno-Melody executados em volume ensurdecedor, o evento é uma boa pedida. Cerveja gelada, gente bonita e amontoada em um pequeno espaço público: a praça. Um grande palco montado no meio de uma rua à beira-rio com gigantescas caixas de som de madeira em ambos os lados. E como que já não fosse suficiente tão parafernália sonora, soma-se mais uma daquelas aparelhagens de festas de Tecno-Brega, Tecno-Melody e todos os tecnos que por acaso ainda possa existir. Resultado: barulheira doida avançando pela bela madrugada marajoara somando-se a confusão, quebra-pau, que frequentemente ocorrem em ambientes dessa magnitude intelectual.
Tive a oportunidade de estar em São Sebastião da Boa Vista duas vezes neste ano de 2010. Primeiro em fevereiro pelo carnaval, que achei muito divertido e criativo, inclusive escrevi a respeito no link Carnaval em São Sebastião da Boa Vista – Marajó-PA. Já na segunda foi agora pelo Festival do Açaí.
Eu nunca tinha ido ao citado festival por justamente a data ser um pouco ingrata para nos deslocarmos de Belém. Cresci viajando no mês janeiro com meu pai, que é boavistense, para as Festividades de São Sebastião, que durante muito tempo foi referência de festividade de bom gosto e diversão na Ilha do Marajó. Eu sabia o que tinha sido e o que hoje era o Festival de São Sebastião, mas era-me desconhecido o tão falado Festival do Açaí. Por isso, resolvi mudar a rotina: faltei um dia de aula na universidade e embarquei para minha amada Veneza do Marajó. E o que presenciei não foi muito diferente do que observamos aqui em Belém nas abarrotadas casas de shows que organizam as famosas festas de aparelhagem, ou seja, barulheira infernal com ritmo e letra de mal-gosto, pessoas altamente embriagadas a fim de confusão e, claro, a porrada comendo solta aqui e ali.
A respeito do açaí, suposto grande homenageado da festa, eu só pude perceber no nome pintado no painel-frontal do palco e no cartaz a cima.
O Festival do Açaí não me passou a melhor das imagens. Pouco criativo, desorganizado e perigoso. Lembro-me de um antigo poema que escrevi sob o pseudônimo de Nautilus Karavelas para homenagear esse belo e município marajoara intitulado:

BRINCO DO MARAJÓ
Para São Sebastião da Boa Vista – Marajó-PA

Janeiro entrou rasgante, de súbito.
E no tricotar dos dias vagabundos
surges forte e entorpecente.
Exalando em cada sol poente
teu aroma vivo e quente.

O plangente crepúsculo arrebata-nos
ais no trapiche da praça.
Logo mais sobre o luar bisbilhoteiro
nos envolveremos por inteiro
ao som do rio-mar seresteiro.

De crista tu és o brinco do Marajó.
Festival do açaí e do Santo Padroeiro.
Tu és amor à primeira vista!
Paixão desmedida.
Presa a nós por um laço de fita.

Cidade de efêmeros amores fatais,
onde o sagrado é profano
e nossos gestos mais que insanos.
Lá somos mais que humanos.
Somos tudo e nada no iniciar do ano.

No vento o odor aliciador das matas
labirínticas excita a imaginação.
Desembarquem, meus amigos!
Pois chegastes a São Sebastião!

abraços , walter rodrigues!

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