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segunda-feira, 10 de maio de 2021

Por que a literatura negra é importante



Por Dr. Maxine Thompson*


Quando publiquei meu primeiro romance, The Ebony Tree, nunca esquecerei como descobri depois que minha sobrinha então, de 23 anos, correu pela casa e gritou de tanto rir, depois de ler o livro. Agora, veja você, minha sobrinha sempre foi uma leitora ávida de romances brancos desde o início da adolescência, mas ler meu livro foi como pousar em Marte para ela. Ela teria perguntado à mãe: "Mamãe, a tia Maxine inventou isso? Vocês realmente 'jogaram branco'?" Minha cunhada disse a ela: "Não apenas jogamos branco, nós sonhamos em branco. Isso é tudo que já vimos nos livros ou na TV eram personagens brancos. Parecia que eles tinham toda a diversão. "



Normalmente, a maioria dos negros cresceu nos anos 50 com fotos na parede de Jesus branco, Papai Noel branco e até anjos brancos. Não havia nada na mídia ou nos livros que refletisse a beleza da escuridão. Desnecessário dizer que, se houvesse livros além da Bíblia em casa, não eram livros Negros. Enviou uma mensagem silenciosa de que Black era feio e branco era lindo. Essa foi uma experiência tão negativa quanto quando a leitura era proibida aos escravos.

Avanço rápido de quase meio século. Eu sei, por educação de meus filhos, que agora são todos adultos, que ter livros de negros em casa foi, e continua sendo, uma boa influência em sua auto-estima e confiança. Quando uma pessoa se vê refletida na literatura que lê, indiretamente ajuda a construir uma melhor autoimagem. Pois, na literatura, encontramos nossos modelos de comportamento, nossos arquétipos com os quais podemos aprender lições de vida. Mais especificamente, na literatura afro-americana, as histórias são relevantes para a experiência negra neste país. Essas experiências variam de pessoas vindas de diferentes classes socioeconômicas, de regiões urbanas a rurais, a diferentes profissões. Freqüentemente, levamos a história da pobreza à riqueza de Alger Horatio à sua reversão, a história da riqueza à pobreza.

"Escritores negros em ascensão", gritavam as manchetes. Eu acreditei neles. Afinal, vendo os diferentes gêneros de livros afro-americanos nas livrarias locais, predominantemente negras, quem não pensaria isso? As coisas não melhoraram para nós, escritores negros, desde o final dos anos 1980? No entanto, depois de participar da Book Expo of America (antiga American Book Association) realizada em Los Angeles, Califórnia, no final de abril de 1999, tive um rude despertar. Por ter visto todos os livros das livrarias predominantemente negras espalhadas por LA, eu fui levado a uma falsa sensação de complacência por nós, como escritores afro-americanos, estarmos sendo publicados na mesma taxa que os livros convencionais. Para dizer o mínimo, fiquei desiludido.

Sim, a Book Expo de 1999 foi uma grande revelação. A má notícia é esta: nossos problemas (como escritores afro-americanos) estão longe do fim. Quando comparei os livros representados pelas grandes editoras, vi que a porcentagem de livros negros é infinitesimalmente pequena em comparação com a de outras raças. Não quero ser um adivinho, mas sinto que o número de livros afro-americanos pode desaparecer como aconteceu após a Renascença do Harlem, após o final dos anos 40 e após a Revolução dos anos 60, se não assumirmos o controle de nossas próprias palavras escritas.

No entanto, a boa notícia é esta. O aumento que é testemunhado no número de livros afro-americanos pode ser atribuído, em geral, não apenas a mais editoras negras, editores negros, mas a livros autopublicados. Dado o advento da editoração eletrônica, da Internet e dos clubes de livros negros, muitos escritores estão assumindo o controle de nossos destinos e se fortalecendo publicando nossas próprias histórias.

Portanto, considere essas questões. De que outras maneiras ter mais livros negros ajudou? É mais fácil ser publicado pelo mainstream como um escritor negro, em um mercado editorial apertado? Por que a autopublicação é tão importante, especialmente para escritores negros, se você não pode ter seus livros publicados pelo mainstream? Para encorajar outros escritores a escrever suas histórias, aqui estão algumas das coisas boas que a literatura negra trouxe para este país.

1. Salvação. Parafraseando Toni Cade Bambara, a ficção arrebata você do precipício como uma pessoa negra na América.

2. Continuidade com seus ancestrais. Parafraseando Toni Morrison, "Se você não está escrevendo sobre a Vila de onde você veio, não está escrevendo sobre nada."

3. Um público leitor que deseja ver histórias que reflitam sua realidade.

4. Uma forma de restaurar a história que não podia ser escrita no passado.

5. Uma forma de levantar a próxima geração através da palavra impressa, além da nossa tradição oral, que se reflete no rap, no hip hop e na poesia.

6. Uma forma de promover a compreensão racial para outros grupos étnicos. Aprendo muito sobre outras partes da Diáspora quando leio livros de haitiano-americanos, ou quando leio literatura sino-americana, ou qualquer outra literatura cultural.

Recentemente, uma professora me disse em uma sessão de autógrafos, que um estudo foi feito em sua escola. Verificou-se que todas as menininhas negras disseram que sua imagem de beleza ainda era uma criança loira de olhos azuis. Imagine! Isso foi em dezembro de 1999! Isso me lembra a história trágica do livro de Toni Morrison, The Bluest Eyes, em que a açoitada criança negra, Pecola, enlouqueceu, tudo porque ela queria olhos azuis. O cenário deste livro foi por volta de 1940.

Meu ponto é este. Se continuarmos escrevendo nossas histórias, nós, como escritores afro-americanos, talvez nunca tenhamos paridade no mundo dos livros. Mas, ao mesmo tempo, não teremos outra geração de garotinhas negras brincando de branco, como minhas amigas e eu fizemos, com lenços e toalhas cobrindo nossos cabelos, o que achamos que não era bonito o suficiente. Ou talvez, não vamos ter meninas enlouquecendo como a Pecola fictícia fez.



*A Dra. Maxine Thompson é autora, agente literária, treinadora literária, ghostwriter e apresentadora de programas de rádio na Internet. Você pode enviar um e-mail para ela em maxtho@sbcglobal.net. Você pode se inscrever para receber um boletim informativo gratuito em http://www.maxinethompson.com

Confira o preço e onde comprar o livro The Ebony Tree:


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Imagem de TréVoy Kelly por Pixabay

Tradução para o português: Versos Rascunhos.

Fonte consultada: ArticlesFactory.com


sábado, 20 de outubro de 2018

Conheça a Editora Itacaiúnas



A Editora Itacaiúnas, fundada no ano de 2014, é voltada principalmente para publicação de livros, prestação de serviços editoriais e gráficos. Nosso foco editorial prioriza publicações de autores que tenham como base teórica uma abordagem interdisciplinar, voltada para as questões das áreas das ciências humanas, tecnológicas e ambientais. 
Missão
Prestar serviços e oferecer produtos destinados a atender às demandas de seus clientes com qualidade, comprometimento, respeito, confiabilidade e agilidade para sanar dúvidas. Além de promover eventos que valorizem a cultura e a arte nacional através de seletivas e concursos para compor a publicação de títulos inéditos.
VisãoSer uma opção viável, inovadora e acessível a todas as pessoas que desejam publicar, divulgar e comercializar os seus trabalhos acadêmicos, literários, técnicos e etc com suporte impresso e/ou virtual.
ValoresCompromisso, ética, dedicação, confiabilidade, inovação e respeito.
Conselho editorial
Contamos com Conselho Editorial formado por doutores e mestres atuantes em diferentes Instituições de Ensino Superior do Brasil e do mundo.
Sobre a palavra/ nome itacaiúnas
Itacaiúnas é um rio brasileiro, que nasce no estado do Pará na Serra da Seringa no município de Água Azul do Norte, e é formado pela junção de dois rios, o Rio da Água Preta e o Rio Azul. Desemboca na margem esquerda do Rio Tocantins, na sede da cidade de Marabá.


Para conhecer nosso trabalho basta acessar:
http://www.editoraitacaiunas.com.br


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Confira a obra completa "Fausto" de Goethe em Português



Fausto é um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe e publicado no ano de 1808. A obra é dividida em duas partes. Está redigido como uma peça de teatro com diálogos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado.  A obra disponibilizada para download é uma tradução feita por António Feliciano de Castilho (1800 - 1875) para o idioma português. Então a obra está totalmente em domínio público, tanto a publicação quanto sua tradução para o português.
 
Deve-se a Goethe a glória insigne de encarnar os anseios de uma universalização dos valores literários reconhecendo o espírito supranacional das maiores criações literárias patrimônio de toda a humanidade. Sua obra está eivada de trechos e intenções românticas e expressionistas como claramente comprova o Fausto que funde elementos românticos como a figura de Gretchen e expressionista como as bruxas e a Walpurgisnacht.

Disponível para download em Português a partir da tradução de António Feliciano de Castilho (1800 - 1875) .





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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Você já leu "Ensaio sobre a lucidez" de José Saramago?




"Imaginem uma eleição em que ninguém fosse eleito
Já estou vendo a cara do futuro prefeito
Vamos lá chapa, seja franco
Use o poder do seu voto, vote em branco
Vote em branco!
Seja alguém, vote em ninguém!".


Trecho inicial da música: Voto em branco do Plebe Rude, quem ouvir ou já ouviu sabe da semelhança no tema central do livro com a música, que é o voto.
Os eleitores exercem seu direito de cidadania votando em branco, votando em nenhum político (cerca de 80% da população).
Dando continuidade aos acontecimentos vistos em Ensaio Sobre a Cegueira.
Não por acaso o "branco" reaparece. É só lembrarmos da cegueira branca. Do livro anterior. A diferença aqui neste livro a política, a democracia e cidadania são tratados de forma magistral por Saramago. Enquanto que o outro trata do "amor ao próximo e a lei do mais forte".
Livro por demais perigoso, vai ver por isso, dificilmente figura numa leitura de vestibular, até pela ideia de desobediência civil. leitura recomendadíssima! Ainda mais em ano de eleição no país.
(Deividy Edson)


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sábado, 7 de dezembro de 2013

Conheça a obra "Deus e o Estado" de Bakunin



A verdadeira escola para o povo e para todos os homens feitos é a vida. A única autoridade onipotente, simultaneamente natural e racional, a única que poderemos respeitar, será aquela do espírito coletivo e público de uma sociedade fundada no respeito mútuo de todos os seus membros. Sim, eis uma autoridade que não é de forma alguma divina, inteiramente humana, mas diante da qual nós nos inclinaremos de coração, certos de que, longe de subjugar os homens, ela os emancipará. Ela será mil vezes mais poderosa, estejais certos, do que todas as vossas autoridades divinas, teológicas, metafísicas, políticas e jurídicas, instituídas pela Igreja e pelo Estado; mais poderosa que vossos códigos criminais, vossos carcereiros e carrascos.

Aproveite e leia a obra que já está em domínio público. Se preferir ter a obra em mãos, considere essa oferta da Amazon a seguir.



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Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Os múltiplos eus de Fernando Pessoa



Fernando Pessoa foi uma das vozes mais importantes da poesia universal. Seus textos refletem o “histeroneurastênico”, como o poeta se autodefinia, apaixonado por ocultismo, filosofia, por estudos de psiquiatria e psicanálise. Autodidata de grande erudição, Fernando Pessoa constituiu um caso único de desdobramento de si mesmo em outras personalidades poéticas. Este fenômeno é conhecido como heteronímia, ou seja, a capacidade de desdobrar-se em poetas imaginários.
Fernando Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa, vindo a falecer na mesma cidade, em 1935, com apenas 47 anos. Embora tenha participado intensamente das publicações do Modernismo português, seu único livro publicado em vida foi Mensagem, (baixe a obra Mensagem de Fernando Pessoa aqui!)  obra com a qual participou de um concurso de poesia do Secretariado de Propaganda Nacional, em Lisboa, em 1934, pouco antes de morrer.
Dentre esses heterônimos de Fernando Pessoa, que são diversos, estão os mais conhecidos da obra do autor: Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.

Álvaro de Campos: o poeta das sensações do homem moderno.

Multipliquei-me, para sentir,
Para sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despir-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar erguido a um deus diferente.
(Trecho do poema “Passagem das horas”)

Ricardo Reis: o poeta neoclássico

Fragmento 1
Para ser grande, sê inteiro: nada.
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alva vive.

Alberto Caeiro: o poeta-pastor

O rebanho é os meus pensamentos
 E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
(trecho do poema “Sou um guardador de rebanhos”)

Além de Mensagem o poeta escreveu: “Poemas completos de Alberto Caeiro”, “Odes de Ricardo Reis”, “Poesias de Álvaro de Campos”, “Poemas dramáticos”, “Poesias coligidas”, “Quadras ao gosto popular”, “Novas poesias inéditas” entre outras obras, incluindo, textos em prosa.

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Fonte consultada para esta postagem:                  
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Foto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa

E MAIS


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Conheça obra "Mensagem" de Fernando Pessoa



Mensagem foi único livro de poesias de Fernando Pessoa publicados em vida. Nele encontramos versos que ao mesmo tempo em que são líricos também são épicos. Neles o autor recria a História de Portugal, a partir de “Os lusíadas” de Luís Vaz de Camões. A obra encontra-se disponível em Domínio Público e pode ser baixada a partir do link a seguir,

Trecho da obra:

Mar portuguez

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mãos choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram sem casar
Para que fosse nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem querer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor;
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.






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Fontes consultadas para esta postagem: Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral [et al.]. – São Paulo: FTD,  2000.

domingo, 21 de outubro de 2012

A poesia pedagógica de Gabriela Mistral

Gabriela Mistral (1889-1957)

A professora e poetisa chilena Gabriela Mistral - pseudônimo de Lucila María del Perpetuo Socorro (1889-1957), nasceu numa pequena comunidade do Chile por nome Vicuña no Vale de Elqui.

Sua obra literária transmite muito de sua trajetória, como professora, nas salas de aula das escolas rurais aos arredores da província de La Serena, onde vivia. Gabriela Mistral atuava no magistério desde seus 15 anos de idade, o que veio refletir em seus poemas um caráter bastante pedagógico. Sua obra é uma verdadeira lição para quem pretende um dia trabalhar em sala de aula, principalmente, com crianças.

O reconhecimento definitivo da obra de Mistral veio, em 1945, com o Prêmio Nobel de Literatura, que reconhecia em sua autora um símbolo das aspirações idealistas de todo o mundo latino-americano. Esta foi a primeira vez que a homenagem foi prestada a um autor(a) latino-americano(a).

Dentre sua produção literária selecionamos o poema “La maestra rural” (A professora rural). Inspirada na imagem humana e lírica da irmã, sua verdadeira educadora e guia com quem aprendeu a ler e escrever. Seus versos a caracterizam como professora pura, pobre, alegre, um ser “doce”. Esses versos são da obra “Desolación” (Desolação), publicado nos Estados Unidos da América, em 1922.

A seguir os belos versos de A professora rural de Gabriela Mistral, traduzidos para o português por Luis Marcos Sander:


A PROFESSORA RURAL
Para Federico de Onís

A professora era pura “Os suaves hortelãos”,
dizia, “deste prédio, que é prédio de Jesus,
hão de conservar puros os olhos e as mãos,
guardar claros seus óleos, para dar clara luz

A professora era pobre. Seu reino não é humano.
(Assim no doloroso semeador de Israel).
Vestia saias pardas, não enjoiava sua mão
e todo o seu espírito era uma imensa joia!

A professora era alegre. Pobre mulher ferida!
Seu sorriso foi um modo de chorar com bondade.
Por sobre a sandália rota e avermelhada,
este sorriso, a insigne flor de sua santidade.

Doce ser! Em seu rios de méis caudaloso,
longamente dava de beber a seus tigres a dor.
Os ferros que lhe abriram o peito generoso
mais largas lhe deixaram as bacias do amor!

Oh lavrador, cujo filho de seu lábio aprendia
o hino e a prece, viste o fulgor
do luzeiro cativo que em suas carnes ardia:
passaste sem beijar seu coração em flor!

Camponesa, lembras que alguma vez prendeste
seu nome a um comentário brutal ou fútil?
Cem vezes olhaste, nenhuma vez a viste
e no solar de teu filho dela há mais do que ti!

Passou por ele sua fina, sua delicada esteva,
abrindo sulcos onde alojar perfeição.
A alvorada de virtudes de que lentamente se neva
é sua. Camponesa, não lhe pedes perdão?

Dava sombra por uma selva seu carvalho fendido
no dia em que a morte a convidou para partir.
Pensando em que sua mãe a esperava adormecida,
À dos olhos Profundos se entregou sem resistir.


E em seu Deus adormeceu, como em coxim de lua;
Travesseiro de suas fontes, uma constelação;
canta o Pai para ela suas canções de berço
e a paz chove longamente sobre seu coração!

Como um repleto vaso, trazia a alma feita
para derramar aljôfares sobre a humanidade;
essa era sua vida humana a dilatada fenda
que costuma abrir o Pai para lançar a claridade

Por isso ainda pó de seus ossos sustenta
púrpura de roseiras de violento chamejar.
E o cuidador de túmulos, como aroma, me conta,
os mapas daquele que marca seus ossos, ao passar!

Outros poemas de caráter pedagógico de Gabriela Mistral são: “La oración de la maestra” (A oração da professora), “Palabras a los maestros” (Palavras aos professores), “Pensamientos pedagógicos” (Pensamentos pedagógicos), “Llamada por el niño” (Chamamento pela criança) “Pasión de ler” (Paixão de ler) e “Contar”.


Veja alguns livros de Gabriela Mistral disponíveis na Amazon:

   


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Fontes consultadas: ADAMS, Telmo. "Gabriela Mistral e a educação das nossas crianças" e POET SEERS. "Gabriela Mistral (1945)" Disponível em: http://www.poetseers.org/nobel-prize-for-literature/gabriela-mistral-1945/ Acesso em: 21/10/12.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NAS SÉRIES INICIAIS

Maria Suely Pereira

Resumo


O presente artigo pretendeu salientar a importância da literatura infantil nas séries iniciais. Os primeiros contatos infantis com a literatura ocorrem com histórias de contos de fadas, contadas pelos pais, despertando o interesse das crianças pelas histórias infantis. No processo da aquisição da leitura e da escrita, a literatura infantil tem uma grande importância, pois nos anos iniciais da educação formal, a criança está na fase dos sonhos e adora ouvir histórias que envolvem um mundo imaginário. Os livros que trazem a literatura devem estar sempre presentes na vida dessa criança. A boa literatura facilita o desenvolvimento da inteligência, interação e é fonte de divertimento e prazer. A literatura infantil pode, para muitos, parecer brincadeira, mas na realidade é o marco inicial de uma cultura e, por isso, é fundamental fazer parte da prática pedagógica do professor nas séries iniciais.

Palavras Chaves: Literatura infantil; Interação; Prática Pedagógica.
Texto completo: PDF
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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A força e qualidade da poesia obscena de Pietro Aretino


"Sonetos Luxuriosos", do poeta italiano renascentista Pietro Aretino (1492-1556), é um daqueles livros que devem ser deixados em um canto escondido da prateleira. Longe do olhar das crianças.

A edição bilíngue, do recém-nascido selo Má Companhia, da Companhia das Letras, traz textos bem-humorados e explícitos, que narram o ato sexual com toda a sua crueza e colocam o leitor no papel de voyeur das orgias contadas e cantadas pelo autor.

A obra foi inspirada nos quadros eróticos pintados durante o renascentismo por Giulio Romano, um discípulo de Rafael. As imagens desapareceram, mas relatos contemporâneos descreveram seus conteúdos como "todos os diversos modos, atitudes e posições com que homens despudorados deitam-se com as mulheres".
Além de poeta, Aretino também atuou como um difamador profissional. Por meio de cartas bem elaboradas, chantageava as pessoas pedindo dinheiro e vantagens para não estragar a reputação delas em seus escritos.
A tradução tupiniquim dos versos foi feita pelo especialista em poesia erótica José Paulo Paes, que selecionou o que há de mais chulo e explícito em nossa língua para alcançar o naipe de palavões e as matizes pornográficas usados no original italiano.
Mas quando o assunto é sexo, melhor do que descrever é ir logo ao finalmente. Confira abaixo um dos poemas que integram esta coletânea de safadezas.
Atenção: Trecho com linguagem explícita e termos de baixo calão. Prossiga apenas se não se sentir ofendido com este tipo de material. Reprodução literal da obra original
14
Ai, minha cona, ai! Cruel, que fazes
Com caralho tão grosso, tão horrendo?
Caluda, coração, que assim gemendo
Teu senhor não recreias nem aprazes

E se no meu foder não te comprazes,
Abre espaço bastante que te atendo,
O pau até os colhões em ti metendo
Para dar-te prazer dos mais verazes.

Eis-me aqui pronta, oh, fido servo caro,
Faz como queiras e em afadigar-te
Por bem servir não te mostres avaro.

Não duvida, meu bem, que quero dar-te
Fodida tão gostosa, em modo raro,
Que inveja sentirão Vênus e Marte.

Podia a cona entrar-te,
Diz por favor, o mais soberbo nabo?
A cona sim, mas Deus me guarde o rabo.


ONDE COMPRA?


Um pouco mais de Pietro Aretino

Pietro Aretino

(Nascido em: Arezzo, Itália, 20 de abril de 1492. Falecido em: Veneza, Itália, 21 de outubro de 1556)

Escritor, poeta e dramaturgo italiano. Autor de "Diálogo das Prostitutas". Conhecido no seu tempo pelo nome de "secretário do mundo". Libelista terrível e sem escrúpulos, vendia a pena a quem melhor pagasse. Era amigo de Ticiano, que lhe pintou mais de um retrato.
Filho de sapateiro com uma prostituta, em Perugia iniciou a aprendizagem dos mestres de pintor e de encadernador de livros. Este último ofício, ao colocá-lo em contato com produtores literários, estimulou a sua própria produção de versos, que gradualmente se foram notabilizando pelo estilo incisivo, cínico e pouco moral.
Protegido e respeitado pelos nobres, que temiam a sua grande influência pessoal e a mordacidade dos seus escritos, desenvolveu em Roma, depois em Veneza uma carreira de panfletário licencioso, deixando principalmente em Cartas (1537-1557), o registro da vida cultural e política de sua época; em Juízos (1534), analisa a instituição cortesã como um fenômeno prostituição física e moral e como efeito típico de uma sociedade em crise.
Era admirado por personalidades, como o Papa Leão X, o que lhe garantia uma vida de rei, como ele mesmo gostava de dizer: "Figlio di cortigiana con anima di re"
Viveu num estado de liberdade jamais conferido a outro homem de sua época. De forma ousada e pouco convencional para os padrões literários desse período, atacou nobres e clérigos, de tal maneira, que ficou conhecido na história pela alcunha "Flagelo dos Príncipes".
Chegou ao fim da vida, em 1556, com um tesouro acumulado que se estima ter ultrapassado o milhão de florins.


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Fontes consultadas: 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Henry Miller: literatura e sexo em busca do dizer desenfreado




Henry Miller, Um militante contra a hipocrisia

 
Poucos escritores causaram tanto escândalo em seu tempo, e mesmo além dele, quanto o americano Henry Miller. Nascido em 1891, Miller escolheu Paris para viver, mas não como os bem sucedidos autores que residem na Cidade Luz, usufruindo da fama. Henry Miller tinha quase 50 anos quando publicou seu primeiro livro, Tropic of Cancer, uma narrativa confessional como as de Santo Agostinho ou Rousseau, mas baseada em suas experiências com as prostitutas francesas.
Nenhum escritor soube valorizar tanto a putaria como ele. Havia um rito sacro e mistérios cósmicos em cada trepada descrita. O sucesso foi imediato, e a censura também. O livro foi proibido em várias partes do mundo, e foi o que o promoveu, é claro. Na década de 30 a descrição crua do sexo, embora apaixonada e sincera, feria suscetibilidades. O livro passou a ser referência para masturbações adolescentes, e sua dimensão artística foi sufocada. Mas Miller chegara para ficar, e logo lançou "Tropic of Capricorn".


A sexualidade desenfreada
Para Henry Miller, descrever os homens em seu sexualismo extremo era uma obrigação da literatura moderna, conforme suas próprias palavras numa entrevista: "na realidade pouca revolta de qualquer espécie é permitida ao homem moderno. Ele já não age, ele reage. Ele é a vítima que, afinal, veio a ser apanhada na sua própria armadilha".

Em seus livros, Miller dá ao sexo uma dimensão sacra. Os personagens chafurdam na lama, são descritos com franqueza quase pornográfica, mas com tal naturalidade de estilo e humor que assumem uma grandeza indiscutível. A crítica literária européia saudou Miller como a culminância de uma corrente literária que remonta ao século XVIII.

A crucificação encarnada
Henry Miller tornou-se um clássico absoluto quando publicou a trilogia "Sexus, Plexus, Nexus", que ele chamou "A Crucificação Encarnada". Como nos outros livros, esses romances narram trechos de sua própria vida, embora ele negasse. Sobre seu processo, declarou: "fiz uso, ao longo desses livros, de irruptivos assaltos ao inconsciente, tais como sonhos, fantasia, burlesco, trocadilhos pantagruélicos, etc, que emprestam à narrativa um caráter caótico, excêntrico, perplexo". Tudo isso é verdade, mas também o é que Miller vivia na pândega e descrevia isso.

Bancarrota espiritual
O que faz afinal com que a literatura de Henry Miller seja forte, crua, sem ser vulgar, pornográfica? Aliás, essa é uma matéria para se colocar na discussão: o que é pornografia? Ou ainda, o que configura um texto pornográfico? Bem, Miller costumava dizer que vivemos numa bancarrota espiritual. O que ele queria dizer com isso? Que o homem se afastara de sua dimensão profunda, e só a liberação da carne poderia conduzir-lhe de volta ao convívio com a própria alma. As prostitutas, por rifarem o seu corpo com tal desprendimento, seriam as mais puras porque nada mais lhes restava que não a dimensão espiritual. Uma tese ousada, mas que Henry Miller, o americano boêmio que rolava pelas ruas de Paris, defende com brilhante prosa de ficção.

Os discípulos
Henry deixou uma legião de discípulos em todo o mundo, existe até um grego que mora na rua Prado Júnior, no Rio de Janeiro, chamado Alexei, se não me falha a memória, que tem vários livros em seu estilo, e foi casado com Elke Maravilha, sua musa nos romances. Mas outros mais famosos também admitem a filiação estilística, o poeta e prosador inglês Lawrence Durrel é um deles. Escritor de alto nível, é mais sofisticado do que Miller, e escreveu uma obra prima chamada "O Quarteto de Alexandria". Outro que lembra muito Miller é Charles Bukowski, americano que viveu também na sarjeta do sexo e do álcool.
Enfim, o mundo nunca mais será o mesmo depois de Henry Miller. Vale a pena lê-lo, ainda hoje.

O que há para ler:
A maioria de seus livros ainda pode ser encontrada nos sebos da cidade; são eles: Trópico de Câncer, Trópico de Capricórnio, Sexus, Plexus e Nexus, Sexo em Clichy e Pesadelo Refrigerado (impressões dos EUA).



Um pouco sobre Henry Miller

(1891-1980)
Henry Valentine Miller (Manhattan, New York, 26 de Dezembro de 1891– Los Angeles, 7 de Junho de 1980), escritor norte-americano.
Seu estilo é caracterizado pela mistura de autobiografia com ficção. Muitas vezes lembrado como escritor pornográfico, escreveu também livros de viagem e ensaios sobre literatura e arte. O autor foi homenageado pelo célebre crítico Otto Maria Carpeaux em prefácio para o livro O Mundo do Sexo, editora Pallas 1975, Rio de Janeiro.
Uma de suas amantes foi a escritora Anais Nin. Há um filme ficcional sobre o período da vida em que eles se conheceram, Henry and June, baseado nos diários de Anaïs.

(Fonte: Wikipédia)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma Viagem a Vicente Cecim


Instituto de Artes do Pará

Conheci a pessoa Vicente Franz Cecim numas das minhas oficinas e cursos do Instituto de Artes do Pará - IAP. Seus passos leves e pausados, suas voz sensível e suave, seu jeito simples em contraste com a complexidade de seus pensamentos, que muito embora pudesse se expostos de maneira tão límpida e fluente, ainda sim, nos deixava com aquela sensação de que precisávamos ler, ler, ler e ler mais e muito mais para tentar compreender que não poderemos compreender tudo. Seus olhos eram duas bússolas perdidas em algum lugar onde poucos poderiam chegar, mas que queríamos alcançar a qualquer custo. Lembro-me da última vez que falei com Cecim lá no IAP. Ele estava trabalhando na Gerência Geral de Artes Literárias e Expressão de Identidades. Eu havia bebido durante toda a amanhã daquele dia e passei pelo Instituto para pegar um certificado de participação. Eu exalava a álcool e a suor, mas mesmo assim Cecim me atendeu com muito respeito e atenção. Eu havia acabado de entrar em contato com um pouco da obra dele e estava muito arrependido de não ter o feito antes. Ver e ouvir um talento daquele todas as semanas ali e nem sequer saber disso. Naquela última ocasião eu fiz elogios rasgados aos textos do livro que postarei aqui Viagem a Andara oO livro invisível, e como eu estava bastante bêbado, as palavras fluíram fáceis, embora com um leve sotaque cachacês. Ainda pude vê-lo numa certa tarde no banheiro do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará, em ocasião de um evento sobre mulheres escritoras paraenses. Mas não houve diálogo.

Segue alguns poemas e uma breve biografia de VICENTE FRANZ CECIM:


Fonte das constelações


Sem semear ossos no fim da tarde
e vindo ao encontro dos teus olhos nos Caminhos das espreitas,
eu busco
o segredo luminoso
da
Tua
Água
Soprando as cinzas,
mais humano que o Limo
Este é o Passo de Sombras
Esta é a Noite em que o céu virá beber nosso rumor de terra
Aqui
Eu espero


Como uma Construção erguida para baixo

rio em Silêncio, e serpentes: A Palavra
interminável
mente
calada
mente de Aves Profundas
e um Carrilhão de Luz
soando na Penumbra dos Seus Olhos,
dAquilo que escurece
as manhãs de cinzas
as pedras dos dedos da Oração
quando o mais Alto se ergue
e depõe o Muro Branco das Idades
como Transparência
no deserto Inundado
dos Teus sonhos: Cílio
da Carne,
e Rumor de Bosque Escuro
Curva dos Lábios
que não dizem - Rio
lá, onde
a Água Escura de um Abismo
Aquele que teve os olhos Selados
já não aguarda a Aurora das Virtudes: o Guardião de Sombras


Aurora das virtudes

Quando a terra se abre aos nossos pés,
quando a terra se abriu aos nossos pés
e vindo a ausência da Ausente, veio a Ausência
do ausente
e A que devorávamos na Sombra estava atrasada, e vindo
a que esperávamos estava atrasada
Caminho lento
que a terra ainda não abrira aos nossos pés
ainda Tantas vezes O teu silêncio e a Pálpebra
que não quis nos ver
Tantas vezes o Conselho: Soluça sem espreitas
Tu me nutriste de Escombros,
como uma construção erguida para baixo
não era os passos
Vocação de Olhos mais Escuros
quando a mão se abriu
para tocar O céu
Não eram os Passos dos que vieram antes


O que passou na Noite e não foi visto

Nada,
e Mais Além
Uma Esperança de Murmúrios




pequena BIOGRAFIA


Vicente Cecim se diz marcado pela obra de Kafka (Foto: Anderson Coelho)
   
VICENTE FRANZ CECIM nasceu e vive em Belém do Pará, na Amazônia, Brasil.Desde que iniciou em 1979 a invenção de Viagem a Andara oO livro invisível, se devota unicamente a essa obra imaginária, que chama de literatura fantasma e diz escrever com tinta invisível. Os livros visíveis que escreve emergem dessa Viagem, ou, segundo o autor, não-livro, ambientados no território metafísico e físico de Andara, transfiguração da Amazônia em região-metáfora da vida. Em 1980, recebeu o prêmio Revelação de Autor da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, por sua segunda obra, Os animais da terra. Ao longo dos sete primeiros livros de Andara prosseguiu abolindo as fronteiras entre prosa e poesia. Publicados inicialmente pela Iluminuras no volume Viagem a Andara, receberam, em 1988, o Grande Prêmio da Crítica da APCA, nessa década somente atribuído também a Hilda Hilst, Cora Coralina, Mario Quintana e, na seguinte, a Manoel de Barros. Em novas versões, transcriados pelo autor e reunidos nos volumes A asa e a serpente e Terra da sombra e do não, foram reeditados em edição comemorativa, pela Cejup, em 2004. Em 1994, Silencioso como o Paraíso, lançado pela Iluminuras com mais quatro livros de Andara, em que o autor reafirma sua disposição de converter a literatura em pura escritura, foi aclamado por Leo Gilson Ribeiro como “um dos mais perfeitos livros surgidos no Brasil nos últimos dez anos.” Desde então, suas novas obras passaram a ser publicados apenas em Portugal.
Em 2001, a Íman lançou Ó Serdespanto, livro duplo, em que a palavra cada vez mais aprofunda o seu dialogo com o silêncio, aqui reeditado em 2006 pela Bertrand Brasil. Apontado pela crítica portuguesa, no jornal Público, como o segundo melhor lançamento do ano, Cecim foi saudado por Eduardo Prado Coelho como “Uma revelação extraordinária!” K O escuro da semente, que saiu em Portugal pela Ver o Verso em 2005 e tem lançamento previsto, no Brasil, pela Bertrand, inaugurou uma outra fase em sua linguagem, que o autor denomina Iconescritura. Fase que se prolonga em seu livro mais recente, lançado em 2008 pela Tessitura, de 22 Minas Gerais: oÓ: Desnutrir a pedra. Nesta obra, o autor aprofunda sua demanda de uma nova escritura, mesclando palavra, silêncio da página em branco e imagem. Diz que durante esses anos todos, Andara lhe desvelou que “o natural é sobrenatural, o sobrenatural é natural.” Em 2009, a invenção de Andara atingiu 30 anos de criação.


Veja alguns livros do autor Vicente Cecim


 


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FONTE: VIAGEM A ANDARA O LIVRO INVISÍVEL, FONTE DOS QUE DORMEM, Vicente Franz Cecim. E-book (PDF). DOL - Diário Online. "Vicente Cecim fala sobre a relação com a Amazônia". ttp://www.diarioonline.com.br/noticias-interna.php?nIdNoticia=116330. Acessado em: 17/05/2011.