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sábado, 20 de outubro de 2018

Conheça a Editora Itacaiúnas



A Editora Itacaiúnas, fundada no ano de 2014, é voltada principalmente para publicação de livros, prestação de serviços editoriais e gráficos. Nosso foco editorial prioriza publicações de autores que tenham como base teórica uma abordagem interdisciplinar, voltada para as questões das áreas das ciências humanas, tecnológicas e ambientais. 
Missão
Prestar serviços e oferecer produtos destinados a atender às demandas de seus clientes com qualidade, comprometimento, respeito, confiabilidade e agilidade para sanar dúvidas. Além de promover eventos que valorizem a cultura e a arte nacional através de seletivas e concursos para compor a publicação de títulos inéditos.
VisãoSer uma opção viável, inovadora e acessível a todas as pessoas que desejam publicar, divulgar e comercializar os seus trabalhos acadêmicos, literários, técnicos e etc com suporte impresso e/ou virtual.
ValoresCompromisso, ética, dedicação, confiabilidade, inovação e respeito.
Conselho editorial
Contamos com Conselho Editorial formado por doutores e mestres atuantes em diferentes Instituições de Ensino Superior do Brasil e do mundo.
Sobre a palavra/ nome itacaiúnas
Itacaiúnas é um rio brasileiro, que nasce no estado do Pará na Serra da Seringa no município de Água Azul do Norte, e é formado pela junção de dois rios, o Rio da Água Preta e o Rio Azul. Desemboca na margem esquerda do Rio Tocantins, na sede da cidade de Marabá.


Para conhecer nosso trabalho basta acessar:
http://www.editoraitacaiunas.com.br


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Talvez tudo isso seja sobre ir em frente até não poder mais...




A noite gira devaneios obtusos em espirais nicotinadas.
O meu copo se recusa a esvaziar nessas idas e vindas de recordações fragmentadas.
É retrocedendo que se avança com saltos e piruetas espiraladas.
O mesmo caminho que vai  não é o mesmo que volta.
O que vai sempre retornará, mas sempre retornará diferente.
O que foi, o que é e o que ainda será são faces de uma mesma moeda que gira no vácuo,
Infinitamente, duas faces mescladas pela velocidade centrípeta.
Quem nós somos de fato? Um amontoado de antecedentes, cravados de incertos posteriores inefáveis. Queremos e achamos ser mais do que realmente somos. E o que somos? E que diferença isso faz?
Talvez tudo isso seja sobre ir em frente até não poder mais...

(Walter Rodrigues)

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

E como está sua mente?



A propulsão das turbinas de minha maldita necessidade insana pelo intransponível recai sobre desígnios frustrados de sonhos pré-moldados e alicerçados na areia.
Versos sem métrica, sem rimas e sem poesia.
Vida ligeiramente disforme adquirindo forma rapidamente.
Para onde avançar em terrenos hostis? Fica a necessidade do voo.
- E como está sua mente? – perguntou-me Daniel.
- Tranquila – respondi.
O que o resto da humanidade está fazendo agora?  Provavelmente muita merda em todos os sentidos.
 A escrita jorra de uma rocha ferida pelo um cajado de um profeta que anuncia novos tempos sobre a face da terra. 
Para onde correr quando todos os caminhos insistentemente nos levam para o mesmo lugar?
Fica a necessidade do voo.
- E como está sua mente? – perguntou-me Daniel.
- Tranquila – respondi.

(Walter Rodrigues)

Imagem: Pixabay

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Divulgação da lista de autores selecionados para compor a antologia literária Versos Cotidiano – ano 2015




É com grande satisfação que apresentamos a lista de autores selecionados para compor a antologia literária Versos Cotidiano – ano 2015. Nesta antologia foram reunidos 48 poemas de 48 poetas brasileiros do norte ao sul do Brasil traçando desse modo um vasto painel da poesia nacional contemporânea. Partindo do objetivo geral que norteou essa primeira antologia literária de nossa editora, buscou-se revelar e proporcionar a publicação de novos e veteranos autores brasileiros na categoria poesia dando visibilidade para suas obras literárias.
Lembramos que no dia 02/02/2015 a obra será lançada no site Clube de Autores e poderá ser adquirida no formato impresso.  Agradecemos a todos que participaram dessa seletiva. Aguardem nossos próximos eventos literários e mantenham-se informados curtindo nossa fanpage no Facebook e/ou seguindo-nos no Twitter.




domingo, 14 de dezembro de 2014

Do alto do terminal da Folha 32


Para Viviane Corrêa Santos

Meus versos amputados rastejam-se sobre finas lâminas de navalhas.
A cidade média de papel suspenso, ora eleva-se no horizonte; ora alinha-se ao nível do Itacaiúnas e do Tocantins.
Marabá de minhas certezas desesperadamente pretendidas certas, cujo trem abarrotado de esperanças contraditórias leva e eleva e suprime infinitos gritos inaudíveis de tudo o que seu solo já não pode oferecer.
E do alto do terminal da Folha 32, o Itacaiúnas manda seu cheiro e frescor enquanto você, meu Amor, avança pela deserta e bem pavimentada Transamazônica.
A cidade toda iluminada se estende como um grande lençol cintilante sobre um imenso corpo irregular.

Enquanto o ônibus atrasado alinha-se à baia de embarque trazendo-me uma terrível solidão. E o desejo de não embarcar destroça-me retrocedendo os momentos de paz que é possível alcançar plenamente nos braços de quem amamos.

Texto e foto: Walter Rodrigues.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Poema "Foi assim" de Paulo André e Ruy Barata



Compartilhando esses lindos versos dos poetas Paulo André e Ruy Barata. O poema foi musicado, gravado em disco pela Polygran e interpretado pela cantora Fafá de Belém. E também foi trilha musical de novela e filme. 

FOI ASSIM
(Paulo André e Ruy Barata)

Foi assim,
Como um resto de sol no mar,
Como os lenços da preamar,
Nós chegamos ao fim.

Foi assim,
Quando a flor ao luar se deu,
Quando o mundo era quase meu,
Tu te foste de mim.

“Volta, meu bem”, murmurei.
“Volta, meu bem”, repeti.
“Não há canção nos teus olhos,
Nem amanhã nesse adeus!”

Horas, dias, meses se passando
E, nesse passar, uma ilusão guardei:
Ver-te novamente na varanda,
A voz sumida e quase em pranto,
A murmurar “meu bem, voltei”.

Hoje essa ilusão se fez em nada
E a te beijar outra mulher eu vi,
Vi no seu olhar envenenado,
O mesmo olhar do meu passado e soube que te perdi.

--
Imagem: Pixabay

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

RASCUNHOS DE VERSOS A LONGA DISTÂNCIA



O vento gira as folhas sobre a calçada quente.
Alguma coisa de solidão me atravessa.
Perco-me nas horas paradas.
Sem avançar e nem retroceder.
Meu presente está envolvido por pretéritos que me assumem e me consomem em dias infinitos de olhos, sorrisos, beijos, abraços e cheiros...
O que poderia ser se fosse ao invés de não ser?
Mais de quinhentos quilômetros me separam de você.
Seus olhos e seus carinhos me elevam para além do que sou.
O que diabos eu poderia ser eu não sei.
Só sei que você me elevar para além do que eu sou,
do que eu imagino que sou, do que eu um dia possa ser.
Você, você, você que chegou de repente, me envolveu e me fez olhar pra frente.
Onde os anjos esconderam seus segredos, eu encontrei em seus olhos oblíquos castanhos.
Você me atinge a alma de forma intensamente singular.
Só quero lhe amar, amar, amar até que me falte o ar e mesmo assim continuar a amar, amar, amar.
Beethoven bate em meus sentidos aflorando a sua imagem, amor meu, e essa noite já não parece mais tão solitária e vazia.
Quero você aqui comigo.
Ser seu amante, ser seu amigo.
Perder-me dentro de você, ser você até que venha o amanhecer e me faça perceber que o tempo é tudo que nos resta. 
E o que mais nos interessa?
Todos os dias são os meus únicos dias quando acordo.
Será possível viver pensando no amanhã?
O que haverá depois de amanhã?
Nosso amor permanecerá.
Nessa noite de nona sinfonia quero mandar meus abraços
mais apertados e raptar todo o calor que seu corpo exala movimentando toda minha vida para ser junto com sua vida a nossa vida.
Os versos correm soltos a procura de seus beijos.
Como poderia seguir de outra forma?
Onde estiver, amor meu, aqui estou entranhado de você.

(Texto do livro Versos Rascunhos: poemas reunidos de Walter Rodrigues disponível para comprar no site: http://www.isbnfacil.com.br/2014/09/versos-rascunhos-poemas-reunidos-de.html )


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ler poesia é mais útil para o cérebro que livros de autoajuda, dizem cientistas


Ler autores clássicos, como Shakespeare, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool publicado nesta terça-feira (15).
Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas mesmas passagens traduzidas para a "linguagem coloquial".
Reprodução
O poeta Thomas Stearns Eliot
O poeta Thomas Stearns Eliot
Os resultados da pesquisa, antecipados pelo jornal britânico "Daily Telegraph", mostram que a atividade do cérebro "dispara" quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano.
Esses estímulos se mantêm durante um tempo, potencializando a atenção do indivíduo, segundo o estudo, que utilizou textos de autores ingleses como Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin.
Os especialistas descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de autoajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva.
"A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças", explica o professor David, encarregado de apresentar o estudo.
Após o descobrimento, os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens.
Com agências de notícias
FONTE: Folha de São Paulo de 15/01/2013. Dispon

sábado, 30 de novembro de 2013

Poema "ANOITECER" de Carlos Drummond de Andrade


A Dolores


É a hora em que o sino toca,
Mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo.
É a hora em que o pássaro volta,
mas de há muito não há pássaros;
só multidões compactas
escorrendo exaustas
como espesso óleo
que impregna o lajedo;
desta hora tenho medo.
É  a  hora  do  descanso,
mas   o  descanso  vem  t ar de,
o  corpo  não  pede  sono,
depois  de  t anto  rodar;
pede  paz   —  morte   —  mergulho
no  poço  mais   ermo  e  quedo;
desta  hora  tenho  medo.
Hora de delicadeza,
gasalho,   sombra,   silêncio.
Haverá  disso  no  mundo?
Ê  antes  a  hora  dos  corvos,
bicando  em  mim,   meu  passado,
meu  futuro,   meu  degredo;
desta  hora,   sim,   tenho  medo.

(Carlos Drummond de Andrade - in a Rosa do Povo,  Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 23-24.).



domingo, 30 de dezembro de 2012

Belém encharcada - poema


De suas mangueiras gotejantes,
Belém encharcada, aos seus
céus de chumbo, pleno de
chuva, nos agasalhamos no
hermetismo contemplativo de
nosso individualismo coletivo.
Ensimesmados,
sempre desconfiados,
belenenses.
O bem-te-vi tristonho canta solitário.
Cinzento dia na metrópole.
Vento morno,
cheiro de asfalto molhado,
chuva constante,
pensamento distante.

(Walter Rodrigues) 

______________

Referência : 

Walter Rodrigues. “Versos Rascunhos: poemas reunidos”. 1. ed. -  Ananindeua: Itacaiúnas, 2014. 72 p.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Os múltiplos eus de Fernando Pessoa



Fernando Pessoa foi uma das vozes mais importantes da poesia universal. Seus textos refletem o “histeroneurastênico”, como o poeta se autodefinia, apaixonado por ocultismo, filosofia, por estudos de psiquiatria e psicanálise. Autodidata de grande erudição, Fernando Pessoa constituiu um caso único de desdobramento de si mesmo em outras personalidades poéticas. Este fenômeno é conhecido como heteronímia, ou seja, a capacidade de desdobrar-se em poetas imaginários.
Fernando Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa, vindo a falecer na mesma cidade, em 1935, com apenas 47 anos. Embora tenha participado intensamente das publicações do Modernismo português, seu único livro publicado em vida foi Mensagem, (baixe a obra Mensagem de Fernando Pessoa aqui!)  obra com a qual participou de um concurso de poesia do Secretariado de Propaganda Nacional, em Lisboa, em 1934, pouco antes de morrer.
Dentre esses heterônimos de Fernando Pessoa, que são diversos, estão os mais conhecidos da obra do autor: Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.

Álvaro de Campos: o poeta das sensações do homem moderno.

Multipliquei-me, para sentir,
Para sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despir-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar erguido a um deus diferente.
(Trecho do poema “Passagem das horas”)

Ricardo Reis: o poeta neoclássico

Fragmento 1
Para ser grande, sê inteiro: nada.
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alva vive.

Alberto Caeiro: o poeta-pastor

O rebanho é os meus pensamentos
 E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
(trecho do poema “Sou um guardador de rebanhos”)

Além de Mensagem o poeta escreveu: “Poemas completos de Alberto Caeiro”, “Odes de Ricardo Reis”, “Poesias de Álvaro de Campos”, “Poemas dramáticos”, “Poesias coligidas”, “Quadras ao gosto popular”, “Novas poesias inéditas” entre outras obras, incluindo, textos em prosa.

__________
Fonte consultada para esta postagem:                  
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Foto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa

E MAIS


sábado, 27 de outubro de 2012

Quando eu te encontrar




a poucos passos de te encontrar
são olhos fechados por alguns segundos
então sou tomado pela certeza de que
ao menos uma vez irei mirar
teu lindo sorriso e, as dores do mundo,
as minhas dores neste mundo!,
serão esquecidas em alguns segundos.
e como não desejar olhar sem parar
nos teus lindos olhos verdes?
seguindo da imensa vontade
de poder mergulhar
no cheiro dos teus cabelos
e sonhar em não acordar...

domingo, 21 de outubro de 2012

A poesia pedagógica de Gabriela Mistral

Gabriela Mistral (1889-1957)

A professora e poetisa chilena Gabriela Mistral - pseudônimo de Lucila María del Perpetuo Socorro (1889-1957), nasceu numa pequena comunidade do Chile por nome Vicuña no Vale de Elqui.

Sua obra literária transmite muito de sua trajetória, como professora, nas salas de aula das escolas rurais aos arredores da província de La Serena, onde vivia. Gabriela Mistral atuava no magistério desde seus 15 anos de idade, o que veio refletir em seus poemas um caráter bastante pedagógico. Sua obra é uma verdadeira lição para quem pretende um dia trabalhar em sala de aula, principalmente, com crianças.

O reconhecimento definitivo da obra de Mistral veio, em 1945, com o Prêmio Nobel de Literatura, que reconhecia em sua autora um símbolo das aspirações idealistas de todo o mundo latino-americano. Esta foi a primeira vez que a homenagem foi prestada a um autor(a) latino-americano(a).

Dentre sua produção literária selecionamos o poema “La maestra rural” (A professora rural). Inspirada na imagem humana e lírica da irmã, sua verdadeira educadora e guia com quem aprendeu a ler e escrever. Seus versos a caracterizam como professora pura, pobre, alegre, um ser “doce”. Esses versos são da obra “Desolación” (Desolação), publicado nos Estados Unidos da América, em 1922.

A seguir os belos versos de A professora rural de Gabriela Mistral, traduzidos para o português por Luis Marcos Sander:


A PROFESSORA RURAL
Para Federico de Onís

A professora era pura “Os suaves hortelãos”,
dizia, “deste prédio, que é prédio de Jesus,
hão de conservar puros os olhos e as mãos,
guardar claros seus óleos, para dar clara luz

A professora era pobre. Seu reino não é humano.
(Assim no doloroso semeador de Israel).
Vestia saias pardas, não enjoiava sua mão
e todo o seu espírito era uma imensa joia!

A professora era alegre. Pobre mulher ferida!
Seu sorriso foi um modo de chorar com bondade.
Por sobre a sandália rota e avermelhada,
este sorriso, a insigne flor de sua santidade.

Doce ser! Em seu rios de méis caudaloso,
longamente dava de beber a seus tigres a dor.
Os ferros que lhe abriram o peito generoso
mais largas lhe deixaram as bacias do amor!

Oh lavrador, cujo filho de seu lábio aprendia
o hino e a prece, viste o fulgor
do luzeiro cativo que em suas carnes ardia:
passaste sem beijar seu coração em flor!

Camponesa, lembras que alguma vez prendeste
seu nome a um comentário brutal ou fútil?
Cem vezes olhaste, nenhuma vez a viste
e no solar de teu filho dela há mais do que ti!

Passou por ele sua fina, sua delicada esteva,
abrindo sulcos onde alojar perfeição.
A alvorada de virtudes de que lentamente se neva
é sua. Camponesa, não lhe pedes perdão?

Dava sombra por uma selva seu carvalho fendido
no dia em que a morte a convidou para partir.
Pensando em que sua mãe a esperava adormecida,
À dos olhos Profundos se entregou sem resistir.


E em seu Deus adormeceu, como em coxim de lua;
Travesseiro de suas fontes, uma constelação;
canta o Pai para ela suas canções de berço
e a paz chove longamente sobre seu coração!

Como um repleto vaso, trazia a alma feita
para derramar aljôfares sobre a humanidade;
essa era sua vida humana a dilatada fenda
que costuma abrir o Pai para lançar a claridade

Por isso ainda pó de seus ossos sustenta
púrpura de roseiras de violento chamejar.
E o cuidador de túmulos, como aroma, me conta,
os mapas daquele que marca seus ossos, ao passar!

Outros poemas de caráter pedagógico de Gabriela Mistral são: “La oración de la maestra” (A oração da professora), “Palabras a los maestros” (Palavras aos professores), “Pensamientos pedagógicos” (Pensamentos pedagógicos), “Llamada por el niño” (Chamamento pela criança) “Pasión de ler” (Paixão de ler) e “Contar”.


Veja alguns livros de Gabriela Mistral disponíveis na Amazon:

   


______________________________
Fontes consultadas: ADAMS, Telmo. "Gabriela Mistral e a educação das nossas crianças" e POET SEERS. "Gabriela Mistral (1945)" Disponível em: http://www.poetseers.org/nobel-prize-for-literature/gabriela-mistral-1945/ Acesso em: 21/10/12.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Desejos

texto de Deividy Edson

Quantos caminhos errantes percorri
Até chegar a um beijo seu?
Agora que cheguei desejo a todo instante
Não só teu beijo, mas também teu cheiro.
Que é meu doce entorpecente
Tornando-me teu dependente.

Como eu quero te amar e que você
Também me ame. Confundir-nos talvez?
Só saberemos se tentar.
Te amar e não te amar, assim
Eu não sofrerei por só te amar.

Longe de você lembro-me dos nossos beijos
Ensandecidos. Que faz despertar
Em mim os mais loucos desejos.
E olho para o relógio observo a letargia das horas
Mas se ele dispara apressado
É porque estou em tua companhia

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Se você pudesse sentir esse vento



Se você pudesse sentir esse vento, ouvir o som das maresias revoltas e o espetáculo de mais um dia que se vai personificado no sol que desce por detrás das matas do outro lado da Baía do Guajará em Belém, o seu coração se encheria de paz, ternura e deslumbramento...

Walter Rodrigues, 2011. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Olhos Refúgios



Eu pronuncio  teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome  me soa
mais distante que  nunca.
Mais distante que as estrelas
e mais dolente que a  mansa chuva. 
(García Lorca)
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Quando a noite mais escura fugiu da paixão do dia mais claro,
ela se refugiou em seus olhos.
E assim, todo mistério fascinante que a noite exala nos espíritos mais ousados,
em seus olhos ficou guardado.
Aventurar-se nesses olhos de noite escura é irresponsável e perigoso.
O primeiro passo é um risco tão imenso quanto o seguinte.
Como avançar sobre terreno tão impreciso?
Como manter-se imóvel diante desse mistério?
Queremos avançar, descobrir o segredo dessa noite mais escura refugiada em seus olhos.
Mesmo que no final dessa empreitada insana a escuridão desses olhos refúgios
nos envolva e nos perca; nos acolha e nos dispersa.
Pois quando a noite mais escura fugiu da paixão do dia mais claro,
ela se refugiou em seus olhos e lá permaneceu. 
(Walter Rodrigues, 2011)