texto de Deividy Edson
R$ 69,90. Esse era um dos preços dos presentes. Todo mundo sorridente exibindo roupas, perfumes, sapatos e etc... Naqueles comerciais de televisão todos atuavam, e eram sempre pessoas belas. Sempre dizendo: "neste natal, compre presentes na loja... ou no shopping I... ou C..."
Isso porque eu não assisto muito televisão. Como diria Cazuza: “A televisão sem som já é um bonito quadro.” Para não dizer que não vejo. Embora, eu raramente assista os telejornais. Onde sempre têm noticias (quase sempre manipuladoras) sobre a inflação, corrupção e a eleição... No Brasil como têm ladrões...
Mas então era natal. Festa que pra mim já tinha perdido o significado, se é que tem significado. Comemorar o “nascimento” (data pagã aderida pelos cristãos) de Jesus que supostamente tinha feito milagres e ajudado muitas pessoas com cura. E em troca foi crucificado e humilhado pelos próprios a quem tinha “ajudado”.
Tinha marcado com um amigo de adolescência, dos tempos nublados de igreja. Victor era o nome dele. Íamos à casa de outro amigo também de adolescência pra mim, de infância para ele. Chamava-se Ezequiel.
Em casa tudo normal. Não era tradição ceia de natal, mas sim de ano novo. Aliás, nesta data o único convidado que recebíamos era uma tia e família por parte de pai.
Então cheguei por volta dás 23h30min na casa de Victor. Que morava nos altos em baixo morava sua vó Maria. Subi a escada de madeira de sua casa de alvenaria.
- Fala Victor.
- Fala Davi – respondeu-me ele.
- Vamos lá então.
No caminho estávamos combinando em beber em um bar qualquer. Depois que saíssemos da casa de Ezequiel.
Andando pelas ruas do Jurunas era comum vermos as pessoas nos pátios de suas casas. Algumas bebendo e comemorando não sei o que. Conversando e rindo. Bem vestidas, não tão belas quanto às dos comerciais de televisão, mas também estavam atuando, sem se dar conta.
Rua dos Mundurucus com a Roberto Camelier. Esse era o endereço de Ezequiel. Morava em uma vila, mas digamos de pessoas meio nobres. Não como as vilas perto de onde eu e Victor morávamos... com os pais e três irmãs que aliás, duas eram gatinhas loucas para arrumar um bom partido (preferencialmente da igreja) e casar.
Chegando então ficamos do lado de fora, achamos melhor não entrar. Estava cheio de "atores" quero dizer pessoas, parentes de Ezequiel. Não me lembro dele ter convidado para entrar, mas mesmo que convidasse, não estávamos a fim.
Foi quando ele disse que ia nos trazer uma bebida. Foi aí que começamos a achar que a ida para casa dele não tinha sido em vão.
Trouxe vinho. Símbolo do sangue de Jesus.
Ficamos conversando... E foi aí que apareceu uma tia de Ezequiel. Antes de sermos apresentados, já sabíamos que era parente de nosso amigo devido a grande semelhança física com o pai de Ezequiel Filho, que era gordo cabelos meio ralos na frente olhos meio puxados ou pequenos e ainda por cima uma barriga meio caída, resumindo o cara era feio, mas era feio mesmo.
Já era visível que ela já estava meio assanhada em circunstância de uns goles de cerveja. Não demorou e ela começou a dar em cima. Já tínhamos acabado com o vinho, tinha cerveja, mas Ezequiel não nos ofereceu. Mas sua tia percebendo que queríamos beber, e ela tava muito afim do Victor, mandou ele trazer para nós. Não lembro exatamente, pois os dois começavam a falar baixo. E eu conversando com uma das irmãs de Ezequiel. Mas pude ouvir ela falar meio alto:
- É ASSIM QUE EU GOSTO DE HOMEM! DIRETO.
E ela mandando cerveja.
- Vou ao banheiro - disse Sônia.
Então chamei Victor:
- E aí qual é a parada?
- Porra! Tu és louco? Ficar essa noite com ela vai ser um desastre. Quando eu olhar pra ela, vai parecer que eu to comendo o pai do Ezequiel.
- Então vamos sair fora procurar um bar – disse eu a ele.
Vamos falar com o Ezequiel.
Ezequiel que tinha ido trocar de roupa. Chegou à frente da porta onde estávamos e disse:
- Vamos sair daqui a pouco. Vocês num tão a fim de ir também.
- Quem vai? - perguntei.
- Minhas irmãs, meus primos. Vamos na Kombi do meu tio.
- Hum. Pra mim num vai dar. To querendo ir pra um bar.
- Onde vai ser? – perguntou Victor.
- Numa casa de shows La na...
Fui ao banheiro. Depois que Sônia tinha saído de lá.
Quando voltei. Victor me chamou para um canto e disse:
- Vamos sair fora e procurar um bar. O Ezequiel me convidou eu dei uma desculpa, que tava com pouca grana. Aí ele falou pra eu emprestar de ti.
- Que filho da puta esse cara! Então vamos. Já acabou a bebida por aqui mesmo.
Victor disse que num dava pra ir com Ezequiel. E nos despedimos.
- Feliz natal – ele disse.
Não respondi.
E formos embora. Ganhando as ruas a procura de um bar...
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