28/08/2013 – VIGÉSIMO
TERCEIRO DIA – Como o planejado no dia anterior, nos
encontramos com a professora Márcia Pimentel na escadaria da Catedral da Sé por
volta das 11 horas da manhã. Os discentes, da Pós-graduação da Geografia da
UFPA em missão PROCAD na Geografia da USP, estavam presentes. Elcivânia, Cleisson
e Figueiredo. Somente Kamila, discente da graduação em missão PROCAD, não pôde
comparecer devido problemas de saúde.
Mais um
trabalho de campo com a Profª. Drª. Márcia Pimentel da Faculdade de Geografia
da UFPA, pela missão PROCAD-Casadinho UFPA/USP.
A professora
Márcia explica o roteiro que o nosso grupo desenvolverá começando pela história
da cidade de São Paulo, sua expansão urbana e as características geomorfológicas
da área entre outras explicações correlacionadas.
Deixamos o
Largo da Sé e nos encaminhamos para o Pátio do Colégio, lugar onde nasceu a
cidade de São Paulo. Em seguida, bem próximo dali, fomos conhecer o solar da
Marquesa de Santos, famosa por ser amante do Imperador D. Pedro II e que marcou
seu nome na história do Brasil como uma mulher de muita influência política.
Ali, observamos as cartas amorosas que D. Pedro II trocava com a Marquesa e
muitos objetos da época como cama, piano, retrete e etc.
Dali a
professora Márcia nos explicou que estávamos sobre um platô e que ao descermos
em direção a 25 de março estaríamos numa área de várzea. Dizia-nos a professora
que a cidade de São Paulo se constituiu sobre o platô, depois foi se
expandindo, ocupando a várzea.
Seguindo os
passos da professora Márcia, muito conhecedora de sua cidade, paramos e almoçamos
num restaurante de cozinha a árabe.
Depois do
almoço, nossa excussão pelo centro de Sampa, prosseguiu até a Galeria Pagé.
Entramos preocupados com a quantidade de pessoas ali e observamos um comércio efervescente.
Diversos produtos eletrônicos e serviços nesse sentido a preços bastante
tentadores. Pessoas comprando de caixas e caixas de mercadorias. De volta às
ruas, numa dobrada, avistamos a arquitetura oponente do Mercado Municipal, que
a professora Márcia chamava de Mercadão. Ali entramos para observar. Numa das
saídas, a professora parou e nos explicou mais uma vez a situação de várzea
daquela área e que durante muito tempo a mesma era imprópria para moradia. No entanto,
com os avanços das obras de engenharia, a área urbanizou-se.
Próxima ao
Mercado Municipal, a famosa Rua 25 de março. Subimos por ela tentando escapar
dos inúmeros vendedores ambulantes que ocupam as calçadas. Tarefa não muito
fácil, pois as abordagens eram bastante decisivas. Eu imaginava de onde vinham
aquelas pessoas tão desesperadas para vender e como elas conseguiam se manter
naquela cidade de custo de vida tão elevado. Foi quando a professora Márcia
dobrou numa rua transversal a 25 de março. Na verdade tratava-se de uma ladeira,
a Ladeira da Constituição. Ladeira por demais íngreme que nos fez sentir os
joelhos e respirar ofegantes ao final.
Já recuperados
andamos alguns metros e nos deparamos com a Catedral de São Bento. A professora
Márcia nos explicou que ali o Papa João Paulo II ficou hospedado em uma visita
feita a São Paulo. Dali, seguimos na mesma rua da Catedral e olhamos, do
viaduto Santa Efigênia, o trânsito congestionado no sentido norte da cidade. No
viaduto havia alguns artistas de ruas batalhando um trocado.
Retornamos no
sentido da Catedral de São Bento e avançamos em direção a rua São Bento. Nosso objetivo
agora era ver a cidade de São Paulo dos 161,22 metros de altura do edifício
Altino Arantes mais conhecido com Prédio do Banespa. E assim fizemos após um
longo tempo na fila. A vista era deslumbrante, podíamos ver os locais que
tínhamos visitado anteriormente e mais a Serra da Cantareira que mais parecia um
imenso muro a proteger a cidade. Cinco minutos cronometrado pela funcionária do
prédio. Tempo bastante reduzido para explicações e reflexões sobre o percebido.
Dali,
continuamos nosso percurso até o Largo do Café, ainda na rua São Bento. Paramos para tomar um café com bolo. Depois
seguimos até a Praça do Patriarca, vimos a Prefeitura Municipal de São Paulo,
olhamos o Vale do Anhangabaú e o Teatro Municipal de cima do viaduto do Chá.
Ouvimos mais explicações sobre o conjunto paisagístico pela professora Márcia e
depois seguimos em direção a Faculdade de Direito.
A fachada da
Faculdade de Direito é bastante rica em detalhes. Nos passa uma sensação de imponência.
Ali estudaram muitas figuras históricas importantes como Rui Barbosa e o poeta ultrarromântico
Álvares de Azevedo.
Havia mais um
lugar onde a professora Márcia queria nos levar. Era o centro comercial dos
japoneses conhecido como Liberdade. E para lá seguimos.
O dia estava
chegando o fim e os estabelecimentos comerciais estavam todos fechando. Havia muito
ambulantes pelas calçadas ali. Uma mulher, que mal falava o nosso idioma, com
seu bebê no colo, estava sentada sobre uma manta estendida no chão vendendo
alguns produtos.
Em seguida, seguimos
para Estação Liberdade. Era o fim de nosso trabalho de campo com a professora
Márcia Pimentel.
As impressões
do centro da cidade foram bastante marcantes. A condição humana objetivada. A simplificação
do viver na cidade parecia ser unicamente ganhar dinheiro para sobreviver. O vazio
de nossas vidas preenchidas por essa ilusão do consumismo que consumia o melhor
de nossas vidas. A desigualdade tão brutal e imensa quanto o tamanho dessa metrópole.
Meus ouvidos estão estourando ao som surdo desses gritos desesperados que essas
ruas emanam. No apanhar do metro meus sentidos tentam se estabilizar. Pois não
faz sentido chorar quando a realidade é infinitamente superior à dor.
Texto e fotos: Walter Rodrigues.
Esta postagem faz parte dos relatos das experiências de um estudante paraense em São Paulo em ocasião de um intercâmbio feito entre os cursos de Geografia da UFPA/Belém e o curso de Geografia da USP/Butantã. As postagens serão equivalentes aos dias vivenciados, como numa espécie de diário de bordo. Os textos se propõem a ser sintéticos e informativos. Dessa forma, objetivamos gerar resultados e informação sobre essa interessante modalidade de aprendizado partindo da percepção do estudante sobre o novo mundo que se desvenda diante de seus sentidos diariamente. No total serão 30 dias em São Paulo, morando no Condomínio Residencial da USP, o CRUSP.
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