24 e 25/08/2013 – DÉCIMO NONO E VIGÉSIMO
DIA (FINAL DE SEMANA) - Hoje pegamos a Marginal
Pinheiros, subimos até a Marginal Tietê e em seguida chegamos na Rodovia Presidente
Dutra. Nosso destino: o município de Campos do Jordão. Embora o resfriado
tivesse me apanhado de jeito naquela brusca mudança de clima em Sampa, havia
uma missão a ser cumprida. Um trabalho de campo sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª
Márcia Pimentel, da Faculdade de Geografia da UFPA, pela missão
PROCAD/Casadinho.
O município de Campos do
Jordão fica há 167 km da capital São Paulo numa altitude de aproximadamente 1628m
acima do nível do mar, mais especificamente na Serra da Mantiqueira, no médio Vale
do Paraíba. É considerado o município brasileiro mais alto. Observação esta que
nossos ouvidos rapidamente interpretaram ao entupirem na subida. Mas antes de
chegarmos ao nosso destino, outras cidades do estado de São Paulo foram
passando diante de nossas janelas. Assim, sem percebermos que saíamos de São
Paulo, já estávamos dentro da cidade de Guarulhos.
A paisagem vai se modificando
ao avançarmos a Dutra. Já não vemos tantos edifícios e as ocupações espontâneas
de casas de até dois andares são observadas deitadas sobre os morros. Fábricas aqui
e ali. Postos de gasolina e churrascarias. Pedágios que pareciam nunca terminar
justificavam a qualidade da rodovia. Assim passaram as placas indicando as cidades
de Arujá, Chácara Reunidas, São José dos Campos, Caçapava entre outras.
Fazendo a manobra em um
trevo, deixamos a Dutra e seguimos para principal via de acesso a Campos do
Jordão, a Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro.
À medida que subíamos,
víamos cidades próximas como se estivéssemos as vendo da janela de um avião
numa decolagem. Não demorou para ficarmos acima das nuvens. E quando tentávamos
olhar para baixo víamos apenas nuvens grandes e densas que se estendiam até as
encostas das cadeias montanhosas. Era como se estivéssemos voando para além de
toda aquela realidade de concreto, ferro, trânsito, asfalto, metros que Sampa
nos apresenta diariamente.
Logo na entrada da cidade
um pórtico de madeira com o nome “Campos do Jordão” inscrito. Enfim estávamos ali.
A vegetação de Campos do
Jordão é caracterizada por vegetação de mata e vegetação campestre. Sobressaí a
Floresta Ombrófila Mista, também conhecida como mata-de-araucária, que é a
vegetação que mais se destaca na Serra da Mantiqueira. Sendo essa vegetação bastante
notável em Campos do Jordão, a árvore araucária é o símbolo da cidade. Embora
muito presente na paisagem da cidade, a araucária é uma espécie exótica,
introduzida pelo homem, que se adaptou ao clima da Serra Mantiqueira. Diferente
da Mata Atlântica que pode ser considerada nativa.
E isso, foi bastante
observado no trajeto feito pelo centro da cidade até o Parque Estadual de
Campos do Jordão, também conhecido como Horto Florestal. A professora Márcia
escolheu a Trilha da Cachoeira, e seguimos por ela numa caminhada de 4.7 km
observando e aprendendo mais sobre a vegetação local. Em seguida foi feito um
pic-nic numa área reservada para isso no Parque e comemos uma deliciosa torta
feita pela professora.
Depois saímos para
passear pela área urbana da cidade. O estilo arquitetônico das casas de Campos
do Jordão lembra bastante o estilo das casas da Suíça. Não é à toa que a cidade
também é chamada de “Suíça brasileira”. Andamos por ali por cerca de uma hora
observando o espaço. Sabíamos de antemão que aquele espaço era consumido e
pensado para os turistas. O fluxo de pessoas e automóveis era intenso e,
diferente do que Kamila e eu havíamos imaginado, não estava nem um pouco frio
ali. Um sol de 30 graus fazia meu rosto arder fazendo-me forçar mais e mais o
boné na cabeça.
Dali, voltamos para o
carro da professora e depois de alguns minutos estávamos na Rodovia Floriano
Rodrigues Pinheiro.
No entanto, havia mais uma atração antes de chegarmos a Sampa. Um mirante, conhecido como Visão da Chinesa, que nos permitia
observar todo o vale do Lageado numa visão de tirar o ar. O vale seguia até encontrar no horizonte as cadeias montanhosas. O que
sentíamos era uma profunda sensação de paz e plenitude. A paisagem era
deslumbrante. Em seguida, retornamos ao
carro e descemos a serra em direção a Sampa.
Domingo – Parque Ibirapuera
Ficar no CRUSP aos
domingos é muito monótono e solitário. Todo mundo sai e o movimento em todo
campus Butantã é desértico. Minha camarada de passeios estava meio mal e
preferiu ficar deitada. Decidi que precisava conhecer o Parque Ibirapuera. Assim
foi feito logo após o almoço.
Descendo do metro na Av.
Paulista e caminhando por algum tempo você consegue chegar ao Parque Ibirapuera.
Fazia calor e o resfriado ainda estava molestando um pouco meu organismo. O ar
estava seco naqueles dias, o que me fez perceber alguma coisa de sangramento no
meu nariz. As coisas estavam ficando difíceis. A vontade de voltar para Belém começava
a se fazer um fato.
Minhas pernas já estavam
cansadas quando consegui entrar no Parque Ibirapuera pelo portão que dá acesso
a Av. Pedro Álvares Cabral. O nome
Ibirapuera significa “árvore apodrecida” em tupi-guarani e vem de uma aldeia
indígena que ocupava a região do Parque quando a área era alagadiça com solo de
várzea.
Domingo de sol. Parque
lotado. Os reservatórios eram imensos. Suas águas calmas e verdes estavam
cheias de peixes e marrecos. O Parque exalava vida e sorrisos. Um espaço de
convivência muito interessante. O lugar era bastante acolhedor e cheio de cores.
O que reforçava o verde vivo das muitas árvores que podemos encontrar por ali. Famílias
inteiras sentadas junto ao reservatório de águas verdes dividiam tortas,
frutas, sucos entre outras coisas que saiam de suas sacolas. Namorados se
beijando sentado sobre a grama enquanto crianças pedalavam suas bicicletas e
adultos caminhavam despreocupados. O céu estava de um azul perfeito e o domingo
passava tranquilo agora.
A noite vinha caindo
quando um show de jazz e blues começou ao lado do Museu Afro Brasil. O ambiente
estava completamente lotado, e havia muitas pessoas sentadas em suas toalhas. Bolos
eram comidos, vinhos eram bebidos. Tudo ali. Crianças nos ombros do pai. Cachorros
na coleira. A música tocando e todos sutilmente dançando. A noite já vinha
caindo e eu precisava voltar. Retornar até Av. Paulista era uma boa caminhada.
Assim fiz e segui até o metro. Antes me sentei para observar dois fantoches em
formato de cachorros dançando sob uma caixa bem na esquina da Av. Paulista com
a Rua Augusta. Algumas pessoas paravam para olhar. Ao meu lado, uma jovem bebia
uma garrafa de cerveja e apreciava o show daqueles cachorros.
Então eu atravessei a Rua
Augusta e desci para apanhar o metro da linha amarela sentido Butantã.
Texto: Walter Rodrigues
Fotos: Kamila Rêgo e Walter Rodrigues
Esta postagem faz parte dos relatos das experiências de um estudante paraense em São Paulo em ocasião de um intercâmbio feito entre os cursos de Geografia da UFPA/Belém e o curso de Geografia da USP/Butantã. As postagens serão equivalentes aos dias vivenciados, como numa espécie de diário de bordo. Os textos se propõem a ser sintéticos e informativos. Dessa forma, objetivamos gerar resultados e informação sobre essa interessante modalidade de aprendizado partindo da percepção do estudante sobre o novo mundo que se desvenda diante de seus sentidos diariamente. No total serão 30 dias em São Paulo, morando no Condomínio Residencial da USP, o CRUSP.
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Referências
Site da Prefeitura de Campos do Jordão. Disponível
em: http://www.camposdojordao.sp.gov.br/portal/
. Acesso em: 27/08/2013.
Site do Parque Ibirapuera. Disponível em: www.parqueibirapuera.org/#. Acesso
em: 27/08/2013.
Wikipedia – a enciclopédia livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Campos_do_Jordão.
Acesso
em: 27/08/2013.