Por pulsos telefônicos ela me chama.
Sua meiga voz atinge-me como uma carícia.
Breves, Santana, Macapá, Belém...
Ela move-se com o vento e como o tal ela
parece estar presente apesar de não a vermos.
Por pulsos telefônicos ela me chama.
É noite e chove.
Daquele nosso primeiro e derradeiro encontro
guardo a imagem do sorriso, do gosto de seus
beijos e do calor do abraço dela.
Por pulsos telefônicos ela me chama.
O sinal não está legal.
Como é estranho ela estar aqui e não estar.
Apenas sua voz e as lembranças, que como
fotografias costumam borra-se com o tempo.
Mas, por pulsos telefônicos ela continua a me chamar.
Depois sua voz como vento suave numa manhã
ensolarada de dezembro, tão real quanto
material, aproximando-se como um furacão.
Então eu sou ela e ela é eu.
(Walter Rodrigues)
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