É um espaço que tem como finalidade a divulgação das Artes, em especial, a Literatura.
quinta-feira, 17 de março de 2011
POEMOVIE e a poesia concreta
quinta-feira, 10 de março de 2011
Revista Cancro, porque venéreas e cancros viveram felizes para sempre
quinta-feira, 3 de março de 2011
Romance de Vidro – Mayara La-Rocque
sábado, 19 de fevereiro de 2011
O fazer literário de Bukowski
PREFÁCIO PARA O ROMANCE MISTO QUENTE DE CHARLES BUKOWSKI*
Em primeiro lugar, Charles Bukowski não é personagem-narrador de seus textos. Seus personagens são criações literárias, invenções elaboradas e não simples colagens da vida do autor. O forte caráter autobiográfico que pode, com certeza, ser encontrado ao longo de toda obra é somente meio e nunca fim. Tanto o velho safado como Henry Chinaski são alter egos ficcionais.
Em segundo lugar, a simplicidade aparente do texto, a narração direta dos eventos (tão cara a ficção americana) é ardilosamente arquitetada por um autor que domina perfeitamente as técnicas de um fazer literário. Ou seja, toda a fluência pregada pelos personagens de escritor criados por Bukowski, ainda que espelhos dele próprio – e não há reflexo mais enganoso -, é uma construção elaborada, dissimulada pelo louvor à bebida e a escrita não-convencional. Os palavrões, a escatologia, os porres homéricos são mentiras que nos convencem da verdade, mentiras que nos fazem acreditar, mentiras que tornam nossas próprias misérias suportáveis, mentiras que são a base primeira da literatura, lembrando a vigorosa idéia de Vargas Llosa.
Pedro Gonzaga
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UM POUCO DE BUKOWSKI
Alguns livros do autor disponíveis na Amazon:
otherwise, don’t even start.
way.
this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.
it could mean not eating for 3 or 4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the worst odds
and it will be better than
anything else
you can imagine.
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the gods
and the nights will flame with
fire.
do it.
all the way.
perfect laughter, its
the only good fight
there is.
role o dado
do contrário, nem comece.
Mesmo que isso signifique perder namoradas,
esposas, parentes, trabalhos e
até mesmo a cabeça.
Mesmo que isso signifique congelar em um banco de praça.
Mesmo que signifique prisão,
Mesmo que signifique derrisão,
escárnio,
isolamento.
O isolamento é o presente,
o resto é o teste de sua resistência,
E você fará
apesar da rejeição e das piores chances
E será melhor que
qualquer outra coisa
que você pode imaginar.
vá com tudo.
Não existe nenhum outro sentindo como
esse.
Você estará a sós com os deuses
e as noites incendiarão como fogo.
Faça isso.
Empenhe-se nisso.
um riso perfeito, essa é a única boa
briga que existe.
nobody can save you but yourself
yourself.
you will be put again and again
into nearly impossible
situations.
they will attempt again and again
through subterfuge, guise and
force
to make you submit, quit and/or die quietly
inside.
yourself
and it will be easy enough to fail
so very easily
but don’t, don’t, don’t.
just watch them.
listen to them.
do you want to be like that?
a faceless, mindless, heartless
being?
do you want to experience
death before death?
yourself
and you’re worth saving.
it’s a war not easily won
but if anything is worth winning then
this is it.
think about saving your self.
ninguém pode salvá-lo,
a não ser você mesmo.
será colocado, por vezes e vezes,
em situações quase impossíveis.
tentarão, por vezes e vezes,
todos os subterfúgios, forma e
força
que façam-no ceder, desistir e/ou morrer por dentro,
calmamente.
a não ser você mesmo.
e será fácil suficiente cair,
muito fácil.
mas não caia, não caia, não.
apenas assista-os.
escute-os.
você quer ser como eles?
seres sem face, sem mente,
sem coração?
quer saber o que é morrer
antes de morrer?
a não ser você mesmo.
e você merece ser salvo.
é guerra que não se ganha facilmente
mas, se é que haja vitória merecida,
então esta é.
pense sobre salvar sua alma.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
kamikASES lançados contra a perpetuação de uma escrita caduca
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Circuito bregueiro conquista a cidade
Os irmãos Edilson e Edielson comandam a parelhagem Mega Príncipe |
por Dilermando Gadelha
foto Tarso Sarraf
Música retrata cotidiano da população urbana
Festas fortalecem laços
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
KamikASES é o nome da mais nova revista literária do Brasil
Por Walter Rodrigues.
Ontem, 02 de setembro de 2010, eu tive o prazer de prestigiar o lançamento da revista literária dos alunos de Letras da Universidade Federal do Pará, a revista Kamikases, que contou com o apóio e o patrocínio da Pró-reitoria de Extensão – PROEX e da Diretoria de Assistência e Integração Estudantil – DAIE.
Os autores da primeira edição da revista estavam quase todos lá, emocionados, falando sobre as dificuldades e as superações até a publicação. Contos, poemas, crônicas, história em quadrinhos, artigos e uma crítica cinematográfica sobre o filme “Nós que aqui estamos por vós esperamos”, Brasil 1998, de Marcelo Masagão, compõe esta singular e ousada revista literária.
Digo singular pelo fato de ser a primeira revista literária que leio e até mesmo ouço falar aqui na cidade de Belém; e ousada pelo fato de alguns de seus autores apresentarem uma expressão artística para além dos dogmas estéticos da linguagem amordaçada e presa a moldes ainda provincianos.
“Acreditamos que não, acreditamos que necessitamos da expressão e comunicação Libertária, sem nos preocuparmos com juízos de valor, sem nos preocuparmos se agradamos ou desagradamos, sem nos preocuparmos se ferimos morais ou convicções quaisquer que sejam, sem nos preocuparmos com a crítica, até porque, para haver crítica, é preciso que alguém ouça nosso grito. Melhor gritar e ser ouvido, ainda que desagradando, incomodando, do que permanecer eunucamente mudo e servil.”
O trecho acima nos dá uma palinha da força desses jovens autores. Um grito, um brado que só mesmo alguém que passou muito tempo acorrentado poderia dar. Estas palavras me fizeram lembrar um grande mestre da literatura universal, Charles Bukowski, que em sua época já antevia uma língua inglesa americana renovada, superando velhos moldes em busca de uma nova forma de expressão mais livre e americana:
“ - Acredito que a língua inglesa é a forma mais expressiva e contagiante de comunicação. Para começar, deveríamos ser gratos por possuir essa dádiva única que é ter uma grande língua. E se nós a desmerecemos, estamos desmerecendo a nós mesmos. Por tanto, vamos escutar com cautela, tomar conhecimento de nossa herança, mas ainda ter a ousadia de explorar e assumir os riscos da renovação da linguagem...”
(...)
“ - Devemos esquecer a Inglaterra e o uso que fazem da língua que temos em comum. Ainda que a utilização que os britânicos fazem da língua seja refinada, nossa variante americana contém muitos poços profundos cheios de recursos ainda não explorados. Esses recursos continuam desconhecidos. Deixem chegar o momento apropriado e os escritores apropriados que um dia haverá uma explosão literária...”
(...)
“ - Nossa cultura americana – ela disse – está destinada à grandeza. A língua inglesa, agora tão limitada, presa à sua estrutura, será reinventada e aperfeiçoada. Nossos escritores usarão o que poderíamos, creio eu, de americanês...”
(...)
“ - Cada vez mais descobriremos nossas próprias verdades e nosso modo próprio de falar, e essa voz estará despojada de velhas histórias, de velhos costumes, de sonhos velhos e inúteis...”
Quando pela primeira vez entrei em contato com a literatura, foi com um romance de Machado de Assis, e confesso, senti um estranhamento constrangedor. Sua voz parecia vim de muito, muito longe. Bom, concluir que livros eram para pessoas cultas e não para mim. Até que em meu aniversário de 18 anos, minha mãe me presenteou com “O Alquimista”, de Paulo Coelho. Li o livro em um dia, e ali entendi que livros poderiam ser legais e até mesmo vitais. Claro, que através dos livros de Paulo Coelho eu descobriria um universo de escritores. Tão bons em suas literaturas que meu autor favorito acabaria sendo deixado de lado, por agora eu o achar insuficiente para a minha ganância literária. Paulo Coelho já não me diria muita coisa, mas me serviu de portal para adentrar nesse maravilhoso mundo das palavras.
Esta pequena biografia exemplifica uma situação corrente em nossa sociedade: leitores sendo iniciados com autores e textos ultrapassados. Certamente isso espanta a maioria, lembro o quanto terrível e exaustivo foi-me ler “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco para o Vestibular. Esta questão de leituras obrigatórias é um outro problema para o acesso de novos leitores no mundo da literatura. A verdade é que mais espantamos os interessados do que os seduzimos. Mas isso já é uma outra questão.
Com papel, edição e diagramação de alta qualidade, a Revista Kamikases, vem encher uma lacuna que há muito tempo esteve na expressão literária local. Esperamos que a revista não fique apenas restrita ao ambiente acadêmico, pois dessa forma ela estaria abafando sua notável grandeza e missão. Que ela possa estar presente nas bibliotecas públicas, nas bancas de revistas... enfim, que ela possa estar aberta para o público em geral, que embora sabermos ser bastante reduzido. Muitas vezes ouvir alguns escritores locais se queixarem que no Pará as pessoas não liam e não valorizavam os escritores da terra. Será que a culpa seria mesmo das pessoas que não liam os escritores da terra? Ou seria dos escritores e suas literaturas?
Há tempos eu sonhava em ler algo de algum autor paraense com a leveza, a universalidade e a liberdade de “A caronista” de Charles Alves e “Roxy” de Francisco Ewerton dos Santos.
Para ser mais emotivo e sincero, enchi-me de orgulho e esperanças ao ler esta revista. As coisas no mundo das letras paraense parecem estar mudando, e isso é bom. Parabéns a todos vocês que nos presentearam com esta revista!
Contato: coletivokamikaze@hotmail.com
REFERÊNCIAS
BUKOWSKI, Charles; Misto-quente. Tradução de Pedro Gonzaga. Editora L&PM Pocket, 2007.
kamikASES revista literária - ano I 2010. Edição n° 1. ISSN 2178-1559.