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sábado, 1 de outubro de 2011

Celular que toca

Não atendi o celular
Era ela novamente
Cansei de ouvir sua voz,
Cansei de ouvir seus pensamentos.
Lá fora faz uma noite morna e ampla.
O celular toca mais uma vez...
O mesmo toque de anos.
Sento de frente para o computador,
Penso em tomar café, mas não me
Animo a fazer.
Eu só queria poder escrever um paragrafo,
Mas meu editor de texto continua intacto.
Sem café, sem texto, se ânimo para atender
O maldito celular, que toca mais uma vez
Antes de se aliar a noite num silêncio complexo
E simplório.



(Walter Rodrigues)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

MENINA-MULHERES


Seus negros, lisos e longos cabelos derramam-se iluminados
sobre toda paixão provocada por cada gesto seu. 
Sabe-se lá aonde se esconde a razão quando você está por perto. 
Nada mais além de sua presença importa.
Sua presença transmite força e ousadia.
Seu olhar atravessa-nos o corpo todo alcançando-nos a alma.
Então tudo se mobiliza para um espetáculo de cores exuberantes,
entramos em êxtase e desejamos tê-la conosco por toda uma eternidade. 
Como ficar indiferente ao seu olhar?
Como disfarça o fascínio provocado?
Pois diante de menina-mulheres o homem se perde em paixão e desespero,
os caminhos se cruzam e no final tudo se torna um caminho só.
O caminho que nos conduz até você e somente para você.  
Embora sabendo que já voa em outra direção.

(Walter Rodrigues)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Noites perfeitas



Por Deividy Edson Corrêa

 
Lembro-me das infinitas noites que estivemos juntos.
Eu achava que aqueles momentos nunca se acabariam.
Como eu adoraria guardar teu sono e não fechar meus olhos
para não perder nem um instante.

Vendo-te ali dormindo parecendo um anjo inocente,
sem saber que um dia irias partir meu coração,
que mesmo em pedaços ainda estaria latente por ti.

Queria proteger-te do frio de uma noite chuvosa,
sentir o perfume de todo teu corpo e em seguida
mergulhar no cheiro de teus cabelos e não acordar mais.
E te incendiar nas noites de calor te banhando em suor.

Até imaginar que essa noite foi apenas um sonho
e ao despertar sentir meu coração entristecido
por não estar mais ao teu lado…
Chegar a pensar em suicídio, quando na verdade eu não ligo.

Se eu pudesse dizer nesse momento o quanto eu ainda te amo…
Mas a cada dia que se passa aprendo a viver sem teu amor.
Vejo que é grande meu esquecimento.


_______________________
Revisão: Walter Rodrigues.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma Viagem a Vicente Cecim


Instituto de Artes do Pará

Conheci a pessoa Vicente Franz Cecim numas das minhas oficinas e cursos do Instituto de Artes do Pará - IAP. Seus passos leves e pausados, suas voz sensível e suave, seu jeito simples em contraste com a complexidade de seus pensamentos, que muito embora pudesse se expostos de maneira tão límpida e fluente, ainda sim, nos deixava com aquela sensação de que precisávamos ler, ler, ler e ler mais e muito mais para tentar compreender que não poderemos compreender tudo. Seus olhos eram duas bússolas perdidas em algum lugar onde poucos poderiam chegar, mas que queríamos alcançar a qualquer custo. Lembro-me da última vez que falei com Cecim lá no IAP. Ele estava trabalhando na Gerência Geral de Artes Literárias e Expressão de Identidades. Eu havia bebido durante toda a amanhã daquele dia e passei pelo Instituto para pegar um certificado de participação. Eu exalava a álcool e a suor, mas mesmo assim Cecim me atendeu com muito respeito e atenção. Eu havia acabado de entrar em contato com um pouco da obra dele e estava muito arrependido de não ter o feito antes. Ver e ouvir um talento daquele todas as semanas ali e nem sequer saber disso. Naquela última ocasião eu fiz elogios rasgados aos textos do livro que postarei aqui Viagem a Andara oO livro invisível, e como eu estava bastante bêbado, as palavras fluíram fáceis, embora com um leve sotaque cachacês. Ainda pude vê-lo numa certa tarde no banheiro do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará, em ocasião de um evento sobre mulheres escritoras paraenses. Mas não houve diálogo.

Segue alguns poemas e uma breve biografia de VICENTE FRANZ CECIM:


Fonte das constelações


Sem semear ossos no fim da tarde
e vindo ao encontro dos teus olhos nos Caminhos das espreitas,
eu busco
o segredo luminoso
da
Tua
Água
Soprando as cinzas,
mais humano que o Limo
Este é o Passo de Sombras
Esta é a Noite em que o céu virá beber nosso rumor de terra
Aqui
Eu espero


Como uma Construção erguida para baixo

rio em Silêncio, e serpentes: A Palavra
interminável
mente
calada
mente de Aves Profundas
e um Carrilhão de Luz
soando na Penumbra dos Seus Olhos,
dAquilo que escurece
as manhãs de cinzas
as pedras dos dedos da Oração
quando o mais Alto se ergue
e depõe o Muro Branco das Idades
como Transparência
no deserto Inundado
dos Teus sonhos: Cílio
da Carne,
e Rumor de Bosque Escuro
Curva dos Lábios
que não dizem - Rio
lá, onde
a Água Escura de um Abismo
Aquele que teve os olhos Selados
já não aguarda a Aurora das Virtudes: o Guardião de Sombras


Aurora das virtudes

Quando a terra se abre aos nossos pés,
quando a terra se abriu aos nossos pés
e vindo a ausência da Ausente, veio a Ausência
do ausente
e A que devorávamos na Sombra estava atrasada, e vindo
a que esperávamos estava atrasada
Caminho lento
que a terra ainda não abrira aos nossos pés
ainda Tantas vezes O teu silêncio e a Pálpebra
que não quis nos ver
Tantas vezes o Conselho: Soluça sem espreitas
Tu me nutriste de Escombros,
como uma construção erguida para baixo
não era os passos
Vocação de Olhos mais Escuros
quando a mão se abriu
para tocar O céu
Não eram os Passos dos que vieram antes


O que passou na Noite e não foi visto

Nada,
e Mais Além
Uma Esperança de Murmúrios




pequena BIOGRAFIA


Vicente Cecim se diz marcado pela obra de Kafka (Foto: Anderson Coelho)
   
VICENTE FRANZ CECIM nasceu e vive em Belém do Pará, na Amazônia, Brasil.Desde que iniciou em 1979 a invenção de Viagem a Andara oO livro invisível, se devota unicamente a essa obra imaginária, que chama de literatura fantasma e diz escrever com tinta invisível. Os livros visíveis que escreve emergem dessa Viagem, ou, segundo o autor, não-livro, ambientados no território metafísico e físico de Andara, transfiguração da Amazônia em região-metáfora da vida. Em 1980, recebeu o prêmio Revelação de Autor da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, por sua segunda obra, Os animais da terra. Ao longo dos sete primeiros livros de Andara prosseguiu abolindo as fronteiras entre prosa e poesia. Publicados inicialmente pela Iluminuras no volume Viagem a Andara, receberam, em 1988, o Grande Prêmio da Crítica da APCA, nessa década somente atribuído também a Hilda Hilst, Cora Coralina, Mario Quintana e, na seguinte, a Manoel de Barros. Em novas versões, transcriados pelo autor e reunidos nos volumes A asa e a serpente e Terra da sombra e do não, foram reeditados em edição comemorativa, pela Cejup, em 2004. Em 1994, Silencioso como o Paraíso, lançado pela Iluminuras com mais quatro livros de Andara, em que o autor reafirma sua disposição de converter a literatura em pura escritura, foi aclamado por Leo Gilson Ribeiro como “um dos mais perfeitos livros surgidos no Brasil nos últimos dez anos.” Desde então, suas novas obras passaram a ser publicados apenas em Portugal.
Em 2001, a Íman lançou Ó Serdespanto, livro duplo, em que a palavra cada vez mais aprofunda o seu dialogo com o silêncio, aqui reeditado em 2006 pela Bertrand Brasil. Apontado pela crítica portuguesa, no jornal Público, como o segundo melhor lançamento do ano, Cecim foi saudado por Eduardo Prado Coelho como “Uma revelação extraordinária!” K O escuro da semente, que saiu em Portugal pela Ver o Verso em 2005 e tem lançamento previsto, no Brasil, pela Bertrand, inaugurou uma outra fase em sua linguagem, que o autor denomina Iconescritura. Fase que se prolonga em seu livro mais recente, lançado em 2008 pela Tessitura, de 22 Minas Gerais: oÓ: Desnutrir a pedra. Nesta obra, o autor aprofunda sua demanda de uma nova escritura, mesclando palavra, silêncio da página em branco e imagem. Diz que durante esses anos todos, Andara lhe desvelou que “o natural é sobrenatural, o sobrenatural é natural.” Em 2009, a invenção de Andara atingiu 30 anos de criação.


Veja alguns livros do autor Vicente Cecim


 


___________________________ 

FONTE: VIAGEM A ANDARA O LIVRO INVISÍVEL, FONTE DOS QUE DORMEM, Vicente Franz Cecim. E-book (PDF). DOL - Diário Online. "Vicente Cecim fala sobre a relação com a Amazônia". ttp://www.diarioonline.com.br/noticias-interna.php?nIdNoticia=116330. Acessado em: 17/05/2011.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

pegajosas horas















restam-me as horas que ainda
vão me consumir.          

             pegajosas horas.
             tempo que não
             cicatriza coisa
             alguma.

dores adiadas para logo em seguida
serem degustadas.
dolorosamente paciente.

fico com o sabor do café nos lábios,
enquanto as horas passam,
devorando-me paulatinamente.

(walter rodrigues) 
belém-pa, 2006  

quinta-feira, 24 de março de 2011

O LIVRO EMPOEIRADO



O texto a seguir trata-se de um poema escrito a partir do original “O livro”, primeiros murros na área dos versos de meu irmão de 16 anos, Wagner, que recentemente criou um blog chamado “Versos Literários”, sigam o link e passem por lá para conhecer. Agora eu os deixo com “O livro empoeirado”.



O LIVRO EMPOEIRADO
(Wagner Rodrigues / Walter Rodrigues)



Numa estante empoeirada existe um livro empoeirado:
solitário e triste.
Ninguém o observa e o alcança.
Em suas páginas o verdadeiro saber salta sobre nós, e nos
domina como um vício encantador.
Que nos encaminha para essência verdadeira das coisas.
Essência esta que está bem ali entre as linhas.
A beleza de cada pensamento escrito com a alma desfila
diante de todos: rindo, chorando e filosofando.
Na estante empoeirada está o livro.
Olhando para todos sem que ninguém olhe para ele.
Esperando durante anos, décadas e milênios.
Empoeirado pelas areias de uma ampulheta que nunca acaba.
Em busca de uma alma que com a sua se comunique.
O livro empoeirado no alto da estante, também empoeirada e triste,
tão empoeirada quanto os olhos dos ignorantes que não sabem enxergar além de si mesmos, além do que lhes foi encravado na cabeça como exato e verdadeiro.
Entretanto, o livro empoeirado continua ali ao alcance de almas que com ele queriam voar para além do curral da ignorância.
Isso não é impossível para quem se dispõe a alcançar o livro empoeirado
de uma estante qualquer, em qualquer lugar do mundo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

COMÉRCIO


by Walter Rodrigues






Os passos se atropelam.
LIQUIDAÇÃO!                                
Vozes diversas chamam
para si a presa apressada
que depressa se desintegra
fundindo-se ao mingau comercial.  

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Diante de um grande amor


por Deividy Edson
d.edson_21@hotmail.com



tranquilo até o momento de encontrá-la


era chegado o momento


estava a dois passos


sabia que não do paraíso


queria dizer tudo a ela


mas não pude dizer nada


o meu silêncio talvez tenha dito a ela


o que eu sentia


já o silêncio dela mostrou que já


não me amava mais


saí de onde eu a encontrei


querendo chorar não só


por um dia


mas pelo ano inteiro

Belém, julho de 2008


ENQUANTO ISSO EM OUTROS BLOGS...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

XXV FESTIVAL DO AÇAI. Eu estive lá.


Anualmente nos dias 10 a 12 do mês de setembro em São Sebastião da Boa Vista – Ilha do Marajó/PA, acontece o Festival do Açaí. Evento que reúne diversos artistas da região. Para quem gosta de ritmos como Fórro e Tecno-Melody executados em volume ensurdecedor, o evento é uma boa pedida. Cerveja gelada, gente bonita e amontoada em um pequeno espaço público: a praça. Um grande palco montado no meio de uma rua à beira-rio com gigantescas caixas de som de madeira em ambos os lados. E como que já não fosse suficiente tão parafernália sonora, soma-se mais uma daquelas aparelhagens de festas de Tecno-Brega, Tecno-Melody e todos os tecnos que por acaso ainda possa existir. Resultado: barulheira doida avançando pela bela madrugada marajoara somando-se a confusão, quebra-pau, que frequentemente ocorrem em ambientes dessa magnitude intelectual.
Tive a oportunidade de estar em São Sebastião da Boa Vista duas vezes neste ano de 2010. Primeiro em fevereiro pelo carnaval, que achei muito divertido e criativo, inclusive escrevi a respeito no link Carnaval em São Sebastião da Boa Vista – Marajó-PA. Já na segunda foi agora pelo Festival do Açaí.
Eu nunca tinha ido ao citado festival por justamente a data ser um pouco ingrata para nos deslocarmos de Belém. Cresci viajando no mês janeiro com meu pai, que é boavistense, para as Festividades de São Sebastião, que durante muito tempo foi referência de festividade de bom gosto e diversão na Ilha do Marajó. Eu sabia o que tinha sido e o que hoje era o Festival de São Sebastião, mas era-me desconhecido o tão falado Festival do Açaí. Por isso, resolvi mudar a rotina: faltei um dia de aula na universidade e embarquei para minha amada Veneza do Marajó. E o que presenciei não foi muito diferente do que observamos aqui em Belém nas abarrotadas casas de shows que organizam as famosas festas de aparelhagem, ou seja, barulheira infernal com ritmo e letra de mal-gosto, pessoas altamente embriagadas a fim de confusão e, claro, a porrada comendo solta aqui e ali.
A respeito do açaí, suposto grande homenageado da festa, eu só pude perceber no nome pintado no painel-frontal do palco e no cartaz a cima.
O Festival do Açaí não me passou a melhor das imagens. Pouco criativo, desorganizado e perigoso. Lembro-me de um antigo poema que escrevi sob o pseudônimo de Nautilus Karavelas para homenagear esse belo e município marajoara intitulado:

BRINCO DO MARAJÓ
Para São Sebastião da Boa Vista – Marajó-PA

Janeiro entrou rasgante, de súbito.
E no tricotar dos dias vagabundos
surges forte e entorpecente.
Exalando em cada sol poente
teu aroma vivo e quente.

O plangente crepúsculo arrebata-nos
ais no trapiche da praça.
Logo mais sobre o luar bisbilhoteiro
nos envolveremos por inteiro
ao som do rio-mar seresteiro.

De crista tu és o brinco do Marajó.
Festival do açaí e do Santo Padroeiro.
Tu és amor à primeira vista!
Paixão desmedida.
Presa a nós por um laço de fita.

Cidade de efêmeros amores fatais,
onde o sagrado é profano
e nossos gestos mais que insanos.
Lá somos mais que humanos.
Somos tudo e nada no iniciar do ano.

No vento o odor aliciador das matas
labirínticas excita a imaginação.
Desembarquem, meus amigos!
Pois chegastes a São Sebastião!

abraços , walter rodrigues!

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Mais sobre São Sebastião da Boa Vista - Marajó - PA em Versos Rascunhos clicando aqui:

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ao sair das trevas

Quando tudo tornar-se incerto e a luminosidade reveladora de cores múltiplas em sentidos e sensações se fizerem esquivas,
eu avançarei com tudo.
Forçar e destruir barreiras pertinentes durante toda uma vida.
Eu não julgo o que é certo e o que é errado.
Não pelos moldes arbitrários da religião.
Pois tudo ser torna mais claro aos olhos após sair da escuridão.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Por pulsos telefônicos ela me chama

Por pulsos telefônicos ela me chama.
Sua meiga voz atinge-me como uma carícia.
Breves, Santana, Macapá, Belém...
Ela move-se com o vento e como o tal ela
parece estar presente apesar de não a vermos.

Por pulsos telefônicos ela me chama.
É noite e chove.

Daquele nosso primeiro e derradeiro encontro
guardo a imagem do sorriso, do gosto de seus
beijos e do calor do abraço dela.

Por pulsos telefônicos ela me chama.
O sinal não está legal.

Como é estranho ela estar aqui e não estar.
Apenas sua voz e as lembranças, que como
fotografias costumam borra-se com o tempo.

Mas, por pulsos telefônicos ela continua a me chamar.

Depois sua voz como vento suave numa manhã
ensolarada de dezembro, tão real quanto
material, aproximando-se como um furacão.
Então eu sou ela e ela é eu.


(Walter Rodrigues)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Noche de vino escaso


Las cosas cambian rápidamente.
Los versos caen sutiles.
Las estrellas y la luna ya no me hablan una mierda.
Sólo me apacigua las músicas en español y las botellas de vino.
Yo quiero algo más, pues soy algo más.

(Álvares Rocha)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

E-MAIL A SAMANTHA

(Walter Rodrigues)


Eu te toquei como nenhum outro jamais te tocou, Samantha.
Eu toquei as tênues e rígidas cordas de teu espírito as
fazendo vibrar.
E delas, soaram perfeitas melodias e teu espírito, Samantha,
tornou-se leve e assim se pôs a dançar.
E o teu espírito dançou aos toques da esferográfica sobre
o papel devotado, que em momentos como estes me trazia
à luz poemas apaixonados.
Eu te toquei como nenhum outro jamais te tocou, Samantha.
E o som que eu tirei do teu espírito me encantou.
E assim segui às cegas para o meu infortúnio, tal como os
marujos de Homero ao canto das sereias sedutoras.
E como borboletas, Samantha, tu voaste para jardins mais
belos e coloridos.
Enquanto eu afundava em abismos tenebrosos, onde não
havia o som de tuas melodias, nem as cores de tuas asas.
Onde havia apenas trevas e solidão.
Samantha, eu te toquei sem te tocar.
E o amor que não conseguiu me matar, eu matei em mim.
No abismo fiz sua sepultura para me ressurgir.

Santana-AP, 30 de julho de 2009

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Das Profundezas

A desmedida dor sentida

atinge e restringe

a efemeridade de nossos

atos alados.

Quem jamais atingiu as

profundezas não pode

entendê-las.

Emergi da das dores sepultadas

requer um mínimo de atenção.

Ainda não.

Não posso ouvi-los.

Estou submerso na

areia areia areia.

Emergirei em breve para as

profundezas ocultas de minhas

entranhas retornar.

Não há mar, só areia.

E uma morte tão larga

que não se pode medir.

(Walter)




terça-feira, 24 de março de 2009

Derrame de Café

Walter Rodrigues
O café derrama-se sobre a alma
intacta de evasão.
Pétalas de rosas ao vento.
Café fresco.
Suspenso.
Mente vaga.
Alma presa.
Café crepusculado, absorvente
de angustias desmedidas.
Abrolhos que se destacam.
Absorção letárgica,
líquido que se esvai.
Xícara vazia.

sábado, 14 de março de 2009

Quando a noite acaba

Há alguma coisa além do nevoeiro
A noite é fria e imensa
e os olhos sempre procuram ver além
das possibilidades impossíveis...
Para que passar adiante?
É retrocedendo que se chaga lá.
De que tamanho é sua dor
para que não possa se dissipada?
Há alguma coisa além da noite,
e os meus olhos já não querem enxergar...


(Walter Rodrigues)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Tatuagem

Perpetuada,
tatuada,
marcada a ferro.
Em mim,
só em mim.

Tu caminhas e
teus passos
são letárgicos.

Sobressai e
cai
ardente e
fria.

Ofegante,
disfarço,
mas ardo.
Que faço?

Nutro-me
de teus perfumes.
Como de costume
transmuto-me
para além de mim
encontrando-te.

Rasgo-me
sensitivo,
emotivo.

Tu caminhas e
teus passos
são letárgicos.

Sobre as nuvens
tu vens.
Nas mãos a luz e
as trevas.

Nos olhos a incerteza,
o mistério fascinante.

Tê-la
por um instante
incessante.

Fico contigo
e te digo:
te adoro.

Demoro-me
e o tempo
passa parado.

Calado consumo
o sumo de tua
voz transitória.

Quero partir-me
ao meio e afogar-me
em teu corpo inteiro.

Como o lascivo sol
sobre os seios de Belém.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

EXÓTICA

Exótica. Misteriosa. Enigmática.
Como decifrá-la? Como entendê-la?
Que devaneio de mulher!
Que ar de inocência ela nos transmite.
Quão bela ela é!
Uma mistura de menina com mulher
que nos encanta e apaixona.
Fazendo-nos querê-la tê-la mesmo sabendo
que ela nunca nos corresponderia.
Meiga. Doce. Educada. Gentil.
Que fascínio ela nos provoca!
Seu jeito, seu sorriso, sua voz
nos encanta fazendo-nos
sentir demasiadamente apaixonados por ela.
Seria um anjo rebelde ou a deusa Afrodite?
Pois seja lá quem ela for!
O encanto e o fascínio que ela nos provoca
é algo sobrenatural.
Exótica. Misteriosa. Enigmática.
Como decifrá-la? Como entendê-la?
Como não se apaixonar por ela...

Belém-PA junho de 2004
_______________________________________
primeiros rabiscos de versos aqui do walter para uma
amiguinha de sala de aula chamada Márcia Regina.


Ouça também a poesia recitada!
http://recantodasletras.uol.com.br/contoseroticos/2804589

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Um mistério chamado Samantha

para uma grande amiga

De tudo o que pode se apreender de Samantha,
sem dúvida, é a sua capacidade de despertar
fascínio e amor incondicional.
Não importa se ela nos ame,
até mesmo se nos esmague.
Sempre a amaremos com fervor.
Sua presença é plenitude.
Sua ausência o vácuo.
Mirar seus fugazes olhos negros é perigoso ao extremo.
Fica o aviso.
Eles causam dependência física e psicológica.
Por isso, a desejamos presente, embora ela dificilmente esteja.
Conhecê-la perfeitamente?Impossibilidade sobre-humana.
Cada gesto seu um enigma. Um mistério a ser desvendado.
E ela quer que os desvendem.
Eu gostaria de ter uma nave projetada por Julio Verne a fim de desvendar esse universo enigmático e infinito.
Inferno, eu nem de uma bicicleta disponho.
No mais, consolar-se com a insistente lembrança é o que nos
resta. Como um astrônomo a bilhões de anos-luz de uma galáxia inalcançável.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Castanho olhar


para Flávia Brito do blog "Sabe de uma coisa?"


E quando a noite já não for mais noite
e os automóveis não surgirem medonhos
nas esquinas vermelhas, ainda sim Ele
lembrará Ela.
Ela que por ser só ela
o enlaça,
o eleva e
o leva
para as profundezas diversas do infinito.
O universo de seu castanho olhar.
A beleza das estrelas suprimidas ante
a plasticidade de sua escrita viva,
colorida e palpitante.
Vaga brisa, guindastes ociosos miram
a baía calma enquanto o sol projeta-se
sobre as lembranças à sombra de uma
palmeira anã.
Tudo era o reflexo dela.
Tudo era Ela.
E Ele tentava encontrar-se
e encontrava-se naqueles infinitos olhos.